Respeito os fundamentalistas mais arraigados. Aqueles bottom-up, que olham a empresa e nada mais interessa, ou, para não ser pejorativo, que focam seus estudos e esforços apenas em avaliar o negócio para investir nele.
Também sigo a filosofia value investing e também olho a empresa, mas desde que era estagiário não consegui perder esse vício de economista de olhar o macro. Adoro macroeconomia! E o legal é que cada vez mais os mercados tem sido influenciados por isso. Dá uma olhada nesse gráfico do Citi que mostra que o poder de explicação dos movimentos do mercado, pelos eventos macroeconômicos aumentou nos últimos anos.
Ta aí o que move o mercado.
Por isso acho válido chamar atenção para algumas coisas. PMI’s começam a melhorar no mundo mostrando que a atividade econômica talvez não esteja tão fraca como consensualmente temos falado. Eu sou um que fala isso direto, mas enfim. O fato é que os dados mostram alguma melhora, dá uma olhada:
E com isso a grande discussão macro atual é saber se os Bancos Centrais vão começar a apertar as cintas de suas frouxas políticas monetárias. Dá uma olhada em quão frouxo foi até agora. O gráfico mostra a expansão da base monetária agregada de diversos bancos (suíço, inglês, japonês, europeu e americano) em comparação com o PIB dos respectivos países/blocos.
BOJ já flexibilizou sua atuação.
ECB vai parar de comprar títulos?
EUA aumentando juros.
Mais que isso, quais os impactos disso?
Basicamente a grande crítica atual a essas atuações é de que as mesmas tem surtido um efeito cada vez menor! Ou seja, gasta-se um montante maior de recursos para conseguir menores efeitos em termos de atividade econômica real. Pra quem estudou economia vai lembrar bem do conceito de “marginalidade”, ou seja, na margem os incentivos dados a atividade tem sido cada vez menos eficazes.
Citi faz uma bela análise disso:
A meu ver já estamos na parte decrescente da curva com distorção na alocação de ativos no mundo, incentivos distorcidos, algumas bolhas em alguns mercados e com sérios receios quanto a lucratividade dos bancos.
Enfim, a discussão é grande. Por ora, Moisés segue com seu cajado ao ar abrindo o mar vermelho e seguimos surfando essa liquidez global abundante cada vez mais distorcida.