Em vários artigos tenho referido que situação caótica da economia do Brasil tem a sua gênese interna, da falta de uma política econômica de contenção de despesa e aumento de receita.
Assiste-se hoje a movimentos financeiros irracionais movidos por eventos de massas, sem fundamentos, como por exemplo o impeachment. Já referi diversas vezes e não me vou cansar de dizer que o problema não está somente na presidente, está matriz econômica adotada, desenquadrada com a realidade.
O ajuste fiscal é o primeiro grande passo para a mudança, especialmente pelo ganho de confiança que daí pode advir e afastar o propalado downgrade. O segundo é a estabilização das contas publicas e diminuição da dívida.
Quanto mais adiar a implementação de medidas de austeridade, redução da despesa e aumento de impostos, tudo que o BC está a fazer neste momento e bem no curto prazo poderá ser em vão.
O déficit de 120 Bi este ano até pode ser aceitável em 2015, pode ter uma repercussão limitada no mercado financeiro, até porque já este incorporou esse fato, mas o próximo orçamento de 2016, não pode forma nenhuma deixar de ser fator de correção da trajetória das contas públicas, de forma bem patente e compromissada.
Não vejo que com este governo num todo, incluindo o congresso, seja possível alterar de forma muito significativa a trajetória das contas públicas.
Os interesses pessoais estão sobrepondo-se ao interesse nacional como de costume, estão agarrados aos galhos e as regalias, já para não falar dos interesses ilícitos.
As medidas tardam e são nitidamente insuficientes, não há capacidade e nem vontade do governo e ainda por cima, o clima entre o governo e o congresso é caótico, em clima de guerra permanente, não havendo grande margem para negociação de medidas.
Parece que só haverá uma atuação mais forte se a situação econômica se degradar ainda mais, mas nessa altura a fatura a pagar será muito mais elevada e custos sociais muito maiores.
Não vejo como é que a economia vai poder recuperar tão cedo, já tinha apontado para 2017 ou 2018, e pelo rumo dos acontecimentos e pelos dados disponíveis temo que poderá ser mais tarde. Só mesmo um milagre inesperado poderá alterar esta situação, o que não acredito.
O governo teima em não alterar a matriz econômica que nos levou a esta situação caótica, persistindo nos mesmos erros, ou melhor, pouco fazendo para alterar essa matriz. Medidas avulsas e de pouco impacto ou impacto relativo não são suficientes.
Neste momento, sem papas na língua, perante esta situação, não vejo outra solução senão mudar o governo como um todo, dada a sua falta de vontade de mudar o rumo.
É certo que nada nos garante que um novo governo vá fazer o que é necessário, mas deste já sabemos o que esperar, praticamente nada ou muito pouco, está esgotado, fragilizado e com baixa popularidade, agarrando-se a qualquer tipo de boia de salvação, nem que para isso vá manter o despesismo e populismo.
No atual quadro, mudar de governo poderia ser uma solução plausível, mas que é extremamente difícil senão quase impossível. Não chega só mudar de Presidente, até porque é um processo demorado e não vejo que isso vá mudar a atual matriz econômica.
Espero sinceramente que esteja enganado, temo que não...
O futuro próximo será extremamente duro e penoso, até que haja grandes mudanças no rumo que estamos trilhando.
Resta aos investidores, sejam eles quais forem, atuarem no momento no curto prazo com muita prudência e cautela, pois as incertezas e os riscos são muito grandes.
Vamos ver….