As 7 Magníficas cansaram? Descubra as próximas queridinhas do mercado
Fundada em 2014, a Tether se consolidou como a maior emissora de stablecoins do mundo. Seu principal produto é o USDT, com oferta circulante de cerca de US$ 180 bilhões em setembro de 2025, equivalente a quase 70% de todo o mercado de stablecoins.
A empresa também emite tokens lastreados em ouro (XAUT/) e em moedas fiduciárias como euro, renminbi e peso mexicano, além de novos formatos como o Alloy aUSDT, sobrecolateralizado em ouro.
Com sede legal nas Ilhas Virgens Britânicas e licença de stablecoin em El Salvador, a Tether prepara a mudança de sua base global para o país centro-americano, enquanto estrutura uma divisão nos EUA (Tether USA) para adequação às novas regras americanas.
Modelo de negócio
O motor de receitas da Tether é o rendimento de suas reservas. Aproximadamente 78% dos ativos (cerca de US$ 127 bilhões) estão aplicados em títulos do Tesouro dos EUA, com retorno médio de 4–5%.
Isso gera entre US$ 5 e 6 bilhões por ano em juros, que, somados a ganhos com Bitcoin e ouro, sustentaram lucros recordes de US$ 13 bilhões em 2024 e US$ 5,7 bilhões no primeiro semestre de 2025.
A empresa praticamente não cobra taxas de emissão ou conversão do USDT; sua margem vem da gestão das reservas, um modelo próximo ao de fundos de mercado monetário.
Transparência e riscos
As reservas são auditadas trimestralmente pela BDO, com relatórios públicos que confirmam ativos superiores às obrigações.
Em junho de 2025, a Tether declarou US$ 162,6 bilhões em ativos contra US$ 157,1 bilhões em passivos, mantendo uma “margem de segurança” de US$ 5,4 bilhões.
Apesar disso, pontos de atenção permanecem: concentração de custódia (99% dos Treasuries passam pela Cantor Fitzgerald), exposição a empréstimos garantidos de cerca de US$ 8,8 bilhões e uma pequena reserva em caixa inferior a 0,1% do total. Esses fatores podem limitar a flexibilidade em cenários de estresse extremo.
Expansão e investimentos
A Tether tem diversificado seus lucros em novos setores. Desde 2022, já destinou bilhões a startups de tecnologia, agricultura, energia renovável e infraestrutura digital.
Em abril de 2025, cofundou a Twenty One Capital, uma empresa que recebeu US$ 1,6 bilhão em Bitcoin da própria Tether.
Também investiu em projetos como o Rumble e adquiriu participações em empresas agrícolas e de royalties minerais.
No ecossistema cripto, segue ampliando integrações com exchanges, carteiras e bancos, e desenvolvendo novos formatos de stablecoins para atender regulações como a MiCA na Europa e a nova lei americana de stablecoins (2025).
Captação e avaliação recorde
Em setembro de 2025, foi noticiado que a empresa avalia uma captação privada de US$ 15 a 20 bilhões, em troca de cerca de 3% de participação, o que implicaria uma avaliação de US$ 500 bilhões.
Esse valor colocaria a Tether entre as empresas privadas mais valiosas do planeta, acima de fintechs como Stripe e até de gigantes listadas como Visa (~US$ 300 bi de valor de mercado).
O múltiplo implícito sobre os lucros, entretanto, é elevado para um emissor de stablecoins; aproximando-se mais de uma empresa de tecnologia de alto crescimento do que de uma instituição financeira tradicional.
Caso a rodada se confirme, investidores institucionais e fundos soberanos provavelmente exigirão maior transparência, auditorias completas, assentos no conselho e políticas de governança robustas.
Caminhos regulatórios e IPO
Uma eventual abertura de capital nos EUA exigiria padrões de divulgação muito além dos atuais, incluindo demonstrações financeiras auditadas em GAAP, controles internos e exposição detalhada de riscos.
Alternativas como listagem em Hong Kong, Londres ou Singapura seriam menos exigentes, mas possivelmente com avaliação mais baixa. No curto prazo, a Tether parece priorizar a captação privada em vez de IPO. Ainda assim, a pressão de investidores estratégicos pode acelerar mudanças de governança e compliance.
Conclusão
A Tether é hoje mais que uma emissora de stablecoins: é uma plataforma financeira global, que combina pagamentos, reservas bilionárias em Treasuries e investimentos em setores estratégicos.
Seu domínio no mercado (70% de participação) a torna peça central da criptoeconomia. O desafio é equilibrar essa liderança com transparência, governança e sustentabilidade regulatória.
Uma avaliação de US$ 500 bilhões reflete tanto a força do modelo quanto a expectativa de que a Tether consiga se consolidar como algo maior: não apenas uma stablecoin, mas um novo tipo de “banco digital global”.
-
Fontes: Insights4vc