Tether: A empresa cripto de meio trilhão de dólares

Publicado 26.09.2025, 14:00

Fundada em 2014, a Tether se consolidou como a maior emissora de stablecoins do mundo. Seu  principal produto é o USDT, com oferta circulante de cerca de US$ 180 bilhões em setembro de  2025, equivalente a quase 70% de todo o mercado de stablecoins.  

A empresa também emite tokens lastreados em ouro (XAUT/) e em moedas fiduciárias como euro,  renminbi e peso mexicano, além de novos formatos como o Alloy aUSDT, sobrecolateralizado em  ouro.  

Com sede legal nas Ilhas Virgens Britânicas e licença de stablecoin em El Salvador, a Tether prepara  a mudança de sua base global para o país centro-americano, enquanto estrutura uma divisão nos  EUA (Tether USA) para adequação às novas regras americanas. 

Modelo de negócio 

O motor de receitas da Tether é o rendimento de suas reservas. Aproximadamente 78% dos  ativos (cerca de US$ 127 bilhões) estão aplicados em títulos do Tesouro dos EUA, com retorno  médio de 4–5%.  

Isso gera entre US$ 5 e 6 bilhões por ano em juros, que, somados a ganhos com Bitcoin e ouro,  sustentaram lucros recordes de US$ 13 bilhões em 2024 e US$ 5,7 bilhões no primeiro semestre  de 2025.  

A empresa praticamente não cobra taxas de emissão ou conversão do USDT; sua margem vem da  gestão das reservas, um modelo próximo ao de fundos de mercado monetário. 

Transparência e riscos 

As reservas são auditadas trimestralmente pela BDO, com relatórios públicos que confirmam  ativos superiores às obrigações.  

Em junho de 2025, a Tether declarou US$ 162,6 bilhões em ativos contra US$ 157,1 bilhões em  passivos, mantendo uma “margem de segurança” de US$ 5,4 bilhões. 

Apesar disso, pontos de atenção permanecem: concentração de custódia (99% dos Treasuries  passam pela Cantor Fitzgerald), exposição a empréstimos garantidos de cerca de US$ 8,8 bilhões  e uma pequena reserva em caixa inferior a 0,1% do total. Esses fatores podem limitar a  flexibilidade em cenários de estresse extremo. 

Expansão e investimentos 

A Tether tem diversificado seus lucros em novos setores. Desde 2022, já destinou bilhões a  startups de tecnologia, agricultura, energia renovável e infraestrutura digital.  

Em abril de 2025, cofundou a Twenty One Capital, uma empresa que recebeu US$ 1,6 bilhão em  Bitcoin da própria Tether.  

Também investiu em projetos como o Rumble e adquiriu participações em empresas agrícolas e  de royalties minerais.  

No ecossistema cripto, segue ampliando integrações com exchanges, carteiras e bancos, e  desenvolvendo novos formatos de stablecoins para atender regulações como a MiCA na Europa  e a nova lei americana de stablecoins (2025). 

Captação e avaliação recorde 

Em setembro de 2025, foi noticiado que a empresa avalia uma captação privada de US$ 15 a 20  bilhões, em troca de cerca de 3% de participação, o que implicaria uma avaliação de US$ 500  bilhões.  

Esse valor colocaria a Tether entre as empresas privadas mais valiosas do planeta, acima de  fintechs como Stripe e até de gigantes listadas como Visa (~US$ 300 bi de valor de mercado).  

O múltiplo implícito sobre os lucros, entretanto, é elevado para um emissor de stablecoins; aproximando-se mais de uma empresa de tecnologia de alto crescimento do que de uma  instituição financeira tradicional.  

Caso a rodada se confirme, investidores institucionais e fundos soberanos provavelmente exigirão  maior transparência, auditorias completas, assentos no conselho e políticas de governança  robustas. 

Caminhos regulatórios e IPO

Uma eventual abertura de capital nos EUA exigiria padrões de divulgação muito além dos atuais,  incluindo demonstrações financeiras auditadas em GAAP, controles internos e exposição  detalhada de riscos.  

Alternativas como listagem em Hong Kong, Londres ou Singapura seriam menos exigentes, mas  possivelmente com avaliação mais baixa. No curto prazo, a Tether parece priorizar a captação  privada em vez de IPO. Ainda assim, a pressão de investidores estratégicos pode acelerar  mudanças de governança e compliance. 

Conclusão 

A Tether é hoje mais que uma emissora de stablecoins: é uma plataforma financeira global, que  combina pagamentos, reservas bilionárias em Treasuries e investimentos em setores estratégicos.  

Seu domínio no mercado (70% de participação) a torna peça central da criptoeconomia. O desafio  é equilibrar essa liderança com transparência, governança e sustentabilidade regulatória.  

Uma avaliação de US$ 500 bilhões reflete tanto a força do modelo quanto a expectativa de que a  Tether consiga se consolidar como algo maior: não apenas uma stablecoin, mas um novo tipo de  “banco digital global”. 

Fontes: Insights4vc

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