Depois do cano ter estourado no 2T17 (SAPR4 comentário do resultado do 2T17), a Sanepar (SA:SAPR4) soltou muito bons números nesse 3T17.
Crescimento de lucros de 52,8% não parecem ser o dia dia de uma empresa estável, resiliente e sem grandes saltos em seus números. Teriam os paranaenses usado muito mais água ou serviços de esgotos?
Not really.
Mas uma conjunção de preços mais elevados pelos seus serviços devido ao reposicionamento tarifário de 8,53% para o ano de 2017, crescimento das ligações, aliado a um crescimento menos que proporcional de custos e despesas e um resultado financeiro melhor (maior posição de caixa ante o 3T16) explicam esses números.
O que me preocupa: uma empresa de saneamento tem como parcela importante dos seus custos (31%) o uso de energia elétrica para purificação de água, suas bombas e etc. Justamente num momento onde temos bandeira vermelha ligada em todo país. Tende a continuar pressionando seus números.
O que me preocupa 2: não tem como não ficar com um pé atrás depois de todas as trapalhadas da empresa no tocante a governança e comunicação. O acionista da SAPR tem que ter a noção de seu sócio maior é o governo e que ele não gosta nem sabe se comunicar bem com você. Ahh e de vez em sempre ele quer te tungar! Ahh e ainda temos eleições ano que vem.
Fora isso a SAPR é um dos ativos mais baratos da bolsa! Negociando a menos de 7x lucros estimados pra 2018, no valor patrimonial e um yield de 7%. Sem esquecer que estamos falando de uma empresa que fornece serviços básicos e não impactados pelos ciclos de nossa economia.
Na Valor Gestora temos através de um veículo mais voltado a dividendos e estamos nas (SA:ações ON). Foi questão de oportunidade. Entendo que apesar dos pesares o processo de Unitização vai acontecer e isso será bom pra liquidez dos papeis. Não obstante, foi muito boa a organização dos minoritários para pleitear algumas questões mínimas para aceitarem a conversão em Units. Na pressão a empresa cedeu, não é a melhor forma, mas cedeu e é isso que importa a meu ver.
AGORA ÀS 10HS TEMOS CONFERENCE DE RESULTADO.
Gerdau
Gerdauzinha já começa o seu release de resultado metendo o pé na porta!
500MM de fluxo de caixa livre é muita coisa. Pra dar a noção, digamos que se eles conseguissem isso por 4 trimestres, seria o equivalente a 11% do seu valor de mercado em 1 ano sendo gerado de caixa livre para os acionistas. Não é pouca coisa!
Foi uma bela tentativa, mas vamos com calma. Devagar com o andor que o santo é de barro. Na verdade o santo até é de aço. Mas ainda assim vamos com calma.
Minha conclusão acerca dos números foram: um belo neutro! Números não foram tão porrada quanto podem parecer numa primeira passada de olho não, mas vieram relativamente em linha com o esperado e com algumas coisas positivas.
A PARTE BOA:
- REDUÇÃO DE DESPESAS
A empresa não deu muito detalhes sobre isso. Vou tentar pescar algo no conference que acontece hoje (08/11) às 14hs. Eles só falam:
“A redução nas despesas com vendas, gerais e administrativas do 3T17 tanto em relação ao 3T16 e ao 2T17 foi reflexo dos esforços de racionalização em todas as operações de negócio. No acumulado de nove meses de 2017 comparado com o mesmo período de 2016, essa redução foi de 26,3%.”
Racionalizou pra C….. hein!
- CICLO DE CAIXA.
A redução no ciclo financeiro é salutar! Lembre-se que o ciclo financeiro é o tempo que o $$ demora para retornar a empresa. Quanto menor melhor! Queremos $$ na mão não é verdade?! Então apesar de ser muito crítico eu devo admitir que a melhora do ciclo financeiro que resultou numa geração de caixa forte, como citado acima, foi um baita feito. Algo realmente a ser ressaltado como excelente!
- AÇOS ESPECIAIS.
Números bem fortes com volumes crescendo 20%, lucro bruto melhorando 57% e margem Ebitda saltando a quase 21%. Foi realmente expressivo o resultado desse segmento que já responde por 27% da geração de caixa da empresa.
A PARTE RUIM
De resto a empresa conseguiu entregar uma margem Ebitda bem em linha com o 2T17, e ainda abaixo de um ano atrás. Mostrando que apesar dessa celeuma toda com o setor, a Gerdau ainda não percebeu essa melhora nos seus números. Se houve melhora ela veio dos ganhos de eficiência e trabalho interno!
BRASIL. Volume de vendas no Brasil cresceu 5% mas as exportações decepcionaram, então as vendas da operação Brasil ficaram num belo zero a zero. Not good. Por sorte os preços melhores ajudaram, mas os custos maiores pressionaram margem Ebitda (caiu de 19,7% pra 14,1%) dessa importante operação da Gerdau (responde por 40% da geração de caixa).
EUA. Operação lá não foi nenhum primor, mas contrariamente ao esperado pelo mercado conseguiram entregar margem Ebitda de 6% e estável ante o 2T17, mas ainda bem aquém dos 7,5% do 3T16. Vale lembrar que essa operação responde por quase 20% do Ebitda total.
Divida. Empresa segue tendo um nível de dívida elevado. São 13BI de dívida líquida o que representa 3,4X seu Ebitda. O que sem dúvida preocupa também.
Gosto da empresa e acho que o que estão fazendo em termos de controles internos é sensacional. Mas o setor é ingrato e depende de um zilhão de fatores – poluição na China, política antidumping nos EUA, importações de aço no BR, e por aí vai.
Acho as estimativas da street (mercado) de 5,500 BI de Ebitda esticados para ela, mas só assim pra achar upside. Penso que algo entre 4,7BI e até 5BI sejam bem razoáveis para ela. Logo vejo ela negociando a 6,5x EV/Ebitda pra ano que vem. Não é pechincha, ainda que mais barata que as comparáveis, mas como eu disse esse é um setor que depende de muita coisa e essas estimativas podem mudar amanhã.