“Aceita o seu destino. Ser prestativo demais tem seus perigos! Na velhacaria destes tempos flácidos, a virtude tem que pedir perdão ao vício”.Shakespeare em Hamlet.
Esta citação acima bem se aplica ao momento conturbado que estamos vivendo. Nas votações na noite passada, se de um lado, tivemos uma boa votação em torno da PEC do Teto no Senado, mesmo com todos os protestos nas cercanias do Congresso, por outro, foi vergonhosa a votação na Câmara em torno das “Dez Medidas contra a Corrupção”.
Na primeira, a votação foi relativamente folgada, com 61 votos a favor e 14 contrários. Algumas emendas colocadas acabaram suprimidas. Agora é partir para o segundo turno no dia 14/12 e já enviar ao Congresso a Reforma da Previdência. Na segunda, no entanto, pegou muito mal a deturpação completa deste projeto popular. Dentre as alterações feitas pelos congressistas, chamou atenção o fim daquela que estimulava as delações, no chamado "depoente do bem", e a aprovação de uma emenda que cria mecanismos para a punição de membros do Ministério Público e do Judiciário que "extrapolarem nas suas atribuições". Foi, na verdade, a medida criada por Renan Calheiros, que define o “crime de abuso de autoridade”, prevendo punição a juízes e promotores. Só ficou de pé a criminalização da Caixa 2. Como prometido.
Outras barbaridades foram cometidas, mas nestas duas, o que se viu, claramente, foi o Legislativo tentando esvaziar as ações da Lava-Jato. Uma crise institucional pode estar sendo gestada. Esperemos que o Senado tenha a grandeza necessária para corrigir estas deturpações.
PIB RECUA 0,8% NO TERCEIRO TRIMESTRE
Veio sem surpresas o desempenho do PIB no terceiro trimestre deste ano. Recuou 0,8% contra o anterior (sétima queda seguida), 2,9% contra o mesmo do ano passado, 4,4% em quatro trimestres e 4% no acumulado ao ano.
Na análise da oferta, os maiores tombos acabaram com o Agropecuário (-1,4%) e a Indústria (-1,3%), com os Serviços recuando 0,6%. Na Indústria, a extrativa mineral meio que amenizou a queda geral, crescendo 3,8%, em função da retomada da Petrobras (SA:PETR4), com a “normalização” da produção e da gestão da empresa. Por outro lado, refletindo uma demanda ainda fraca, dado o alto endividamento das famílias, e as exportações ainda de lado, a indústria de transformação recuou 2,1% e a de construção 1,7%.
Pelo lado da demanda, os Investimentos voltaram a cair (-3,1%), depois de terem crescido 0,5% no trimestre anterior. Isso é um indicativo de que a confiança dos empresários ainda não foi restabelecida. Já o Consumo das Famílias e do Governo se mantiveram em queda (-0,6% e -0,3%, respectivamente).
Em relação ao 3T15, o PIB do 3T16 caiu 2,9% e no acumulado dos últimos quatro trimestres a retração foi de 4,4%, vindo de -4,8% no 2T16.
Nossa opinião. Ao fim deste ano a retração do PIB deve seguir elevada, com recuo entre 3,6% e 4,0% e no ano que vem, crescendo menos, em torno de 0,5% a 0,8%. Uma possível retomada deve ser mais reforçada a partir do segundo semestre de 2017, desde que a política de juros se mantenha em sintonia com os avanços do ajuste fiscal.
DESEMPENHO DO PIB E DAS TAXAS DE INVESTIMENTO E POUPANÇA (%)