Rio de Janeiro, 30 abr (EFE).- O Brasil registrou em março um
déficit fiscal primário de R$ 216 milhões, o que representa o
primeiro resultado negativo nas contas públicas do país este ano e o
pior para um mês de março desde 2002, informou hoje o Banco Central
(BC).
O resultado mensal negativo também foi o primeiro do país desde
setembro de 2009, quando as despesas do setor público superaram a
receita em R$ 5,763 bilhões, segundo as contas do órgão emissor.
O déficit primário de março contrastou com o superávit de R$
11,614 bilhões do mesmo mês do ano passado.
O superávit primário é a diferença entre a receita e a despesa de
todo o setor público brasileiro, incluindo Governos regionais e
municipais assim como empresas estatais, sem incluir os recursos
destinados ao pagamento de juros de dívida.
O indicador é usado como referência do compromisso do Estado com
a austeridade nas financias públicas e para a definição da meta do
Governo de economia nas contas públicas.
Como o setor público destinou em março R$ 16,857 bilhões para o
pagamento de juros da dívida, o déficit nominal no mês ficou em R$
17,070 bilhões, quase oito vezes superior ao do mesmo mês do ano
passado.
Com o resultado negativo de março, o superávit primário do Brasil
no primeiro trimestre do ano ficou em R$ 16,820 bilhões, abaixo dos
R$ 18,8 do mesmo período de 2009.
O superávit do primeiro trimestre equivale a 2,11% do Produto
Interno Bruto (PIB) do período, uma percentagem muito abaixo da meta
que o Governo se impôs de fechar o ano com uma economia em suas
contas públicas equivalente a 3,3% de seu PIB.
O país já tinha sofrido no ano passado queda de 45,1% em seu
superávit fiscal contra o alcançado em 2008 como consequência da
crise econômica global, que reduziu a produção e a arrecadação de
impostos e obrigou o Governo a conceder várias isenções fiscais para
ajudar diferentes setores.
O superávit do ano passado foi de 1,25% do PIB, abaixo da meta de
2,5% que o Governo tinha se imposto. A meta inicialmente era de
4,5%, mas foi reduzida gradualmente diante das dificuldades geradas
pela crise.
O Banco Central também informou que a dívida líquida do setor
público subiu do equivalente a 42,1% do PIB em fevereiro para 42,4%
do PIB em março. EFE