BRASÍLIA (Reuters) - A candidata derrotada do PSB à Presidência da República, Marina Silva, só deve se posicionar sobre o segundo turno após as manifestações dos partidos de sua coligação, afirmou o deputado Walter Feldman, porta-voz da Rede Sustentabilidade.
A Rede, partido que Marina pretendia criar para concorrer nas eleições deste ano que teve seu pedido de criação negado pela Justiça eleitoral, posicionou-se na madrugada de quinta-feira em voto "absolutamente consensual" contra a presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição pelo PT, e "a favor das mudanças que o Brasil precisa realizar".
"Marina é candidata da coligação. Ela quer receber o posicionamento dos outros partidos", disse a jornalistas ao chegar na sede do PSB em Brasília, onde ocorre a reunião de dirigentes dos partidos da coligação.
"A primeira afirmação forte (da Rede) é a interpretação do desejo de mudança expresso nas urnas. A Rede interpreta que a população majoritariamente do Brasil é contra o atual governo. Portanto, nenhum tipo de aproximação, apoio à presidente Dilma", explicou Feldman.
"Segundo, (o posicionamento da Rede) considera aqueles que têm a posição de mudança e analisa que na posição de mudança tem o voto em Aécio (Neves, do PSDB), voto branco e voto nulo", afirmou, acrescentando que há setores dentro do grupo político que discordam do apoio a qualquer um dos candidatos que concorrem no segundo turno por contrariar sua posição de crítica à polarização PT x PSDB.
Segundo Feldman, Marina, que não participará da reunião, pode se posicionar ainda nesta quinta e sua decisão pode não necessariamente refletir o posicionamento da Rede ou dos partidos coligados.
"(Ela) Tem a liberdade para fazer a sua própria síntese", disse o porta-voz.
Mais cedo, o vice-presidente do PSB e também vice na chapa em que Marina concorreu ao Planalto, afirmou que a ex-candidata irá se posicionar "a partir do momento em que a coligação do Aécio disser concordar ou não com os pontos programáticos que nos vamos oferecer".
Na quarta-feira, o PSB anunciou formalmente seu apoio à candidatura de Aécio.
Feldman disse que não há uma "ponte de negociação" de pontos do programara entre Marina e a campanha de Aécio, mas uma "sugestão programática para qualificar o debate".
"Como não estamos apoiando em hipótese nenhuma a candidatura da Dilma, sugerimos que o Aécio interprete e eventualmente incorpore isso", afirmou o porta-voz.
(Por Maria Carolina Marcello; Edição de Maria Pia Palermo)