Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) reduziu nesta quinta-feira suas previsões de receita com exportações das principais commodities exportadas pelo país, com os preços mais baixos da soja, minério de ferro e petróleo afetando as divisas esperadas.
Os ganhos mais baixos do que os projetados para esses três produtos, que devem responder por cerca de um quarto do total das exportações do Brasil em 2015, apenas não têm um impacto mais forte na balança comercial do país porque as projeções de importações também estão em queda, segundo a AEB.
As receitas com as exportações brasileiras de soja, minério de ferro e petróleo, produtos que registram um cenário de oferta mais abundante no mercado global, agora foram estimadas pela AEB em 46,95 bilhões de dólares em 2015, ante 56,14 bilhões da previsão anterior, realizada em dezembro de 2014.
A nova previsão para a exportação dos três produtos representa uma queda de 28 por cento ante as divisas geradas em 2014, segundo cálculos do presidente da AEB, José Augusto de Castro.
A redução na previsão das exportações dos três produtos responde pela maior parte do valor revisado das vendas externas totais do Brasil, previstas agora para 2015 em 191,33 bilhões de dólares, ante 215,36 bilhões na projeção de dezembro.
A receita geral indica uma queda de 15 por cento ante 2014, enquanto as importações totais estão projetadas para cair em 20 por cento ante o ano passado, com a projeção do superávit comercial tendo pouca alteração, em cerca de 8 bilhões de dólares, comparativamente ao déficit de 3,96 bilhões em 2014.
Em entrevista à Reuters nesta quinta-feira, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, elevou a previsão de superávit para entre 8 bilhões e 10 bilhões de dólares.
MINÉRIO PERDE STATUS DE 1º
O recuo na previsão de receitas com as exportações das principais commodities do Brasil ocorre principalmente por uma menor projeção de divisas geradas com os embarques de minério de ferro, que desde 2005 tem sido o principal produto da pauta exportadora brasileira.
A soja, após o Brasil colher novamente uma safra recorde, ganhará o status de produto que gera mais receitas nas exportações brasileiras, com um total estimado em 18,74 bilhões de dólares (ante 19,2 bilhões na projeção de dezembro), enquanto o total projetado para o minério de ferro ficou em 14,34 bilhões de dólares, versus 21,3 bilhões na estimativa anterior.
Já as exportações de petróleo vão gerar divisas de 13,85 bilhões de dólares, ante 15,6 bilhões de dólares projetados anteriormente.
Em relação ao ano passado, quando os embarques de soja foram recordes e os preços estavam melhores, as receitas com as exportações da oleaginosa cairão 19,5 por cento. Já o minério de ferro registrará baixa de 44,4 por cento ante 2014, após a queda livre das cotações, com mineradoras como a Vale e suas rivais australianas elevando a produção. As vendas externas de petróleo recuarão 15,3 por cento.
A queda nas receitas só não é maior porque o Brasil elevará os volumes exportados --alta de 6,3 por cento na soja, de 3,8 por cento no minério e 55,5 por cento no petróleo, segundo a AEB.
A associação também apontou projeções menores com exportações de carne de frango e bovina, café, entre outros produtos brasileiros.