Por Nayara Figueiredo e Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - A safra de soja 2021/22 do Brasil deve atingir 134,2 milhões de toneladas, estimou a Agroconsult nesta quinta-feira, com a seca no Sul resultando em um corte de cerca de 10 milhões de toneladas na previsão, uma vez que a produtividade terá uma mínima em seis anos.
Com isso, o principal produtor e exportador global da oleaginosa deverá colher um volume abaixo do recorde de 137,1 milhões de toneladas da safra passada, de acordo com a consultoria.
A produtividade da atual safra de soja foi estimada em 55 sacas por hectare, ante 59,3 sacas por hectare no ciclo anterior. Se confirmado, será o menor rendimento agrícola desde o ciclo 2015/16, mostraram os dados.
Neste cenário, o resultado de produção só não foi ainda mais grave porque houve um incremento de 5,4% na área plantada, no comparativo anual, para 40,7 milhões de hectares.
"Chuvas esperadas para dezembro não se confirmaram, agravando a situação dos Estados que vinham sofrendo com a seca", disse a jornalistas o presidente da Agroconsult, André Pessôa, durante apresentação de projeções preliminares para a expedição Rally da Safra.
Ele ressaltou que a menor disponibilidade do grão deve afetar as exportações de soja neste ano, que podem ficar abaixo de 90 milhões de toneladas, ante 92 milhões de toneladas inicialmente previstas.
Por outro lado, a entressafra nos Estados Unidos e os problemas climáticos que ocorrem na Argentina fazem com que o Brasil passe a ser a principal fonte da oleaginosa ao mercado internacional ainda em janeiro.
"Embora a disponibilidade brasileira seja um pouco menor, o risco recomenda (ao comprador) vir mais cedo e comprar o quanto antes", disse Pessôa.
"Vamos ter um apetite ainda maior para a soja do Brasil especialmente porque a Argentina ainda é uma interrogação."
LA NIÑA
A seca causada pelo fenômeno climático La Nina deixou, até o momento, os maiores prejuízos nas lavouras do Paraná, onde produtores do oeste do Estado já veem perdas de 100% nos casos mais graves. A produtividade estimada para a safra paranaense, em geral, é de 45 sacas por hectare, 28,5% abaixo da previsão anterior.
Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul estão em estado de atenção, por também terem danos pela seca causada pelo fenômeno climático La Niña.
Em contrapartida, o coordenador do Rally da Safra, André Debastiani, disse que os Estados de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e a região do Mapito --composta por Maranhão, Tocantins e Piauí-- estão com condições positivas para as lavouras.
"A expectativa de produtividade para Mato Grosso é de 60 sacas por hectare... se atingirem isso, igualaria ao recorde de 2019 e achamos que é possível alcançar", disse ele.
Debastiani acrescentou que há problemas pontuais com algumas lavouras do maior Estado produtor de soja do Brasil, mas as primeiras lavouras colhidas estão indo "muito bem".
MILHO
Para o milho, a Agroconsult estimou a produção total em 119,4 milhões de toneladas, ante 124 milhões na previsão de novembro, também em função da seca.
Para o cereal de verão, a produção deve somar 24,5 milhões de toneladas, contra 29,3 milhões na projeção anterior.
"Apesar das perdas no verão temos uma vantagem, este ano o plantio foi tão cedo da soja, que também vamos ter uma implantação mais cedo da safrinha, que pode trazer novos milhões de toneladas para o milho safrinha."