Imagine que sua conta bancária está constantemente no vermelho, e para cobrir suas despesas, você precisa pedir empréstimos com juros cada vez mais altos. Naturalmente, sua credibilidade financeira despenca, e a confiança de quem empresta dinheiro a você diminui. Agora, expanda essa ideia para um país: é assim que o aumento da dívida pública em relação ao PIB pode influenciar a moeda de uma nação, como o real em relação ao dólar.
O gráfico acima que relaciona a dívida do governo brasileiro como percentual do PIB com a taxa de câmbio USD/BRL entre 2006 e 2022 reflete essa dinâmica de maneira clara. De 2006 até 2014, observa-se uma estabilidade relativa tanto na dívida pública quanto na taxa de câmbio. Esse período foi marcado por crescimento econômico sustentado e maior controle fiscal, com políticas que reforçaram a confiança de investidores nacionais e internacionais. A moeda brasileira permaneceu em níveis estáveis frente ao dólar, refletindo uma economia com fundamentos relativamente equilibrados.
A partir de 2015, no entanto, o cenário se transforma. Crises políticas, incluindo o impeachment presidencial, e uma severa recessão econômica provocaram uma alta na dívida pública como percentual do PIB. Paralelamente, o real sofreu uma desvalorização significativa frente ao dólar. Esses eventos demonstram como instabilidades internas afetam diretamente a percepção de risco dos investidores, elevando o custo da dívida e reduzindo o valor da moeda nacional.
O impacto mais abrupto é visível entre 2020 e 2021, durante a pandemia de COVID-19. O governo precisou expandir os gastos para mitigar os efeitos da crise sanitária e econômica, enquanto o PIB contraiu-se, aumentando ainda mais a proporção da dívida em relação à produção nacional. Nesse mesmo período, o real sofreu nova desvalorização expressiva, reforçando a correlação entre descontrole fiscal e a perda de valor da moeda.
Portanto, o gráfico deixa claro que a relação entre dívida pública e taxa de câmbio é uma questão de equilíbrio. Um aumento excessivo na dívida, especialmente em momentos de incerteza, eleva a percepção de risco, reduzindo a confiança na moeda nacional e pressionando o câmbio. Políticas fiscais sustentáveis, combinadas com estabilidade política e econômica, são essenciais para preservar o valor da moeda e garantir a credibilidade do país no mercado internacional.