BBAS3: Por que as ações do Banco do Brasil sobem hoje?
SÃO PAULO (Reuters) -O Banco do Brasil deve mostrar um resultado pressionado por inadimplência no terceiro trimestre ainda em razão de operações na carteira de crédito do agronegócio, com melhora apenas no final do ano, afirmou a presidente-executiva do BB, Tarciana Medeiros, nesta sexta-feira.
"Acredito que nós ainda teremos, sim, o resultado mais estressado", afirmou Medeiros em videoconferência sobre balanço do segundo trimestre divulgado na véspera, que veio bastante impactado pelo agravamento da inadimplência no agronegócio.
A executiva ressaltou, porém, que uma melhora deve vir a partir do quarto trimestre, apoiada pelo crescimento da margem financeira bruta do BB.
Medeiros também afirmou que a previsão de lucro para o ano entre R$21 bilhões e R$25 bilhões, divulgada na véspera, é um resultado que está aquém da expectativa do BB e do esperado pelo mercado.
"A gente sabe disso, mas é um resultado responsável. É um resultado que mantém o balanço do banco robusto... que adiante a gente retome o crescimento de rentabilidade nos patamares vistos em anos anteriores", afirmou.
No segundo trimestre, o retorno sobre patrimônio líquido (ROE) do BB desabou para 8,4%, de 16,7% nos primeiros meses do ano e 21,6% um ano antes.
Medeiros afirmou que o BB está com o maior nível da inadimplência no agro na história do banco, mas destacou que a maior parte está concentrada nas regiões Centro-Oeste e Sul e em culturas muito específicas (soja, milho e bovino).
"Nem nas previsões mais pessimistas, nos cenários mais estressados, nós projetaríamos uma inadimplência como a que estamos vendo para o agro", afirmou.
A executiva afirmou que o BB percebeu a necessidade de uma mudança completa nas estruturas de cobrança e recuperação de crédito e que o banco ganhou uma agilidade muito grande na cobrança do agro.
"O BB era conhecido como banco que não protesta, que não busca garantia. Isso mudou, o BB tem protestado, tem judicializado as operações, tem buscado sim as nossas garantias."
De acordo com o vice-presidente de controles internos e gestão de risco do BB, Felipe Prince, o banco espera que a inadimplência do agro volte para um patamar entre 2% e 2,5% no final da safra 2025/2026, em meados do próximo ano. No final de junho deste ano, esse percentual saltou para 4,39%.
PAYOUT
A jornalistas, o vice-presidente de gestão financeira do BB, Geovanne Tobias, reafirmou o "payout" de 30% para 2025 e afirmou que ainda é cedo para especular sobre perspectivas para 2026, quando não descarta manter os 30% e optar por um dividendo extraordinário, o que daria mais flexibilidade.
Mas reforçou que "falar de 2026 hoje é querer antecipar algo que ainda não está decidido".
Para 2025, o executivo disse que o banco não trabalha com a hipótese de um dividendo extraordinário. "Estamos focados neste ano em trazer o Banco do Brasil para patamar de rentabilidade condizente com a sua capacidade de geração de resultado", afirmou.
Na bolsa paulista, as ações do BB tinham uma sessão volátil, tendo oscilado já da mínima de R$19,02 à máxima de R$20,46, em meio à repercussão dos números. Por volta de 13h05, os papéis subiam 0,45%, a R$19,94.
TARIFAS
O BB está acompanhando os clientes que possam sofrer com as tarifas de importação dos Estados Unidoss sobre produtos brasileiros que entraram em vigor recentemente, com o vice-presidente de negócios de atacado do banco, Francisco Augusto Lassalvia, afirmando que essa parcela representa um percentual pequeno da carteira de crédito total.
O executivo citou que os clientes que são exportadores com um tipo de relevância de exportação para os Estados Unidos correspondem a cerca de R$3 bilhões da carteira, aproximadamente 0,3%, 0,2%.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)