ANÁLISE-China lidera recuperação da demanda global por petróleo após colapso por pandemia

Publicado 03.06.2020, 16:52
Atualizado 03.06.2020, 16:55
© Reuters. Tanques de petróleo em terminal no porto de Zhuhai, China
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Por Muyu Xu e Stephanie Kelly e Yuka Obayashi

PEQUIM/NOVA YORK/TÓQUIO (Reuters) - A demanda por petróleo na China se recuperou para mais de 90% dos níveis vistos antes da pandemia de coronavírus, uma retomada surpreendentemente robusta que pode se refletir em outros locais no terceiro trimestre, à medida que mais países deixam os "lockdowns" impostos para contenção da doença.

Embora a China --segunda maior consumidora de petróleo do mundo-- seja o ponto fora da curva por enquanto, a flexibilização das restrições de circulação e os pacotes de estímulo que visam ressuscitar economias podem acelerar a demanda global pela commodity no segundo semestre de 2020, de acordo com executivos do setor.

"A rápida retomada na demanda chinesa por petróleo, para 90% dos níveis pré-Covid ao final de abril e avançando, é um sinal muito bem-vindo para a economia global", disse Jim Burkhard, vice-presidente e chefe de mercados de petróleo da IHS Markit.

As medidas generalizadas de "lockdown" para conter a disseminação do vírus tiveram impacto especialmente forte sobre os mercados do petróleo, reduzindo os preços globais em cerca de 70% até meados de abril e resultando em um forte aumento nos estoques da commodity e de combustíveis em todo o mundo.

"Quando você considera que a demanda por petróleo na China --o primeiro país impactado pelo vírus-- havia recuado mais de 40% em fevereiro, o grau em que ela está se recuperando oferece razões para uma dose de otimismo quanto à recuperação econômica e de demanda em outros mercados, como Europa e América do Norte", afirmou Burkhard.

Os valores de referência do petróleo também se recuperaram em meio ao relaxamento dos "lockdowns", com os contratos futuros do Brent registrando rali de 50% e os preços do petróleo dos Estados Unidos (WTI) saltando mais de 90% desde 1º de maio.

Embora analistas do setor concordem quanto à recuperação da demanda chinesa, as estimativas diferem em termos de grau e duração.

A Wood Mackenzie espera que o consumo de petróleo da China cresça 2,3% no segundo semestre em relação a igual período do ano passado, para 13,6 milhões de barris por dia (bpd), guiada pelo aumento no consumo industrial e para transportes.

"Até o terceiro trimestre, a demanda por gasolina na China terá superado em 3% o mesmo período do ano passado, a 3,5 milhões de bpd", disse a consultoria, enquanto o consumo de diesel pode avançar em 1,2%, para 3,4 milhões de bpd, novamente em comparação anual.

Por outro lado, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) disse em seu relatório de maio que a demanda na China terá recuo de 5%, para 13,2 milhões de bpd no segundo semestre.

© Reuters. Tanques de petróleo em terminal no porto de Zhuhai, China

Ainda assim, há um forte consenso de que os consumos tanto de gasolina quanto de diesel devem acelerar, à medida que mais pessoas e empresas retomam movimentações.

"A China liderou a recuperação de demanda até aqui. Depois disso, outros países, como Coreia do Sul, Austrália e Vietnã, onde os casos do vírus estão amplamente sob controle, verão uma melhora na demanda por petróleo", disse Sri Paravaikkarasu, analista da FGE.

(Reportagem de Muyu Xu em Pequim, Jane Chung em Seul, Yuka Obayashi em Tóquio, Stephanie Kelly e Laura Sanicola em Nova York, Sonali Paul em Melbourne, Chayut Setboonsarng em Bangcoc, Ahmad Ghaddar em Londres, Isla Binnie em Madri e Seng Li Peng, Koustav Samanta, Roslan Khasawneh e Florence Tan em Singapura)

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