SÃO PAULO (Reuters) - A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informou nesta quinta-feira que o 72º leilão para compra de biodiesel será retomado na próxima quarta-feira, após discussões no setor que resultaram em uma nova retirada mínima do biocombustível leiloado às distribuidoras, agora estabelecida em 80%.
O certame havia sido suspenso nesta semana depois de distribuidoras pedirem redução na retirada mínima do produto nas usinas de biodiesel, em meio a uma menor demanda de combustíveis decorrente de ações para combater o coronavírus.
Em nota, a ANP não apontou em nota se as distribuidoras chegaram a um acordo com os produtores de biodiesel. Mas, de acordo com o novo edital, a retirada mínima ficou em 80%, ante 70% reivindicado pelas distribuidoras e 95%, originalmente.
A agência reguladora ainda afirmou em nota que, "a partir de amplo debate realizado com as partes, "a ANP e o Ministério de Minas e Energia buscaram chegar a um ponto de equilíbrio para o percentual mínimo de retirada por parte dos distribuidores e de entrega por parte dos produtores, como medida de enfrentamento da crise de demanda e da elevação do grau de incerteza no mercado de combustíveis".
A BR Distribuidora (SA:BRDT3) havia proposto reduzir em cerca de um quarto o percentual mínimo obrigatório de retirada do biodiesel, alegando não ser possível prever o consumo do produto nas próximas semanas e meses devido ao impacto do coronavírus.
A ideia, segundo a maior distribuidora de combustíveis do país, era de que as distribuidoras fossem obrigadas a retirar no mínimo 70% do biodiesel contratado no próximo leilão, que prevê a entrega do produto no bimestre maio e junho, contra 95% exigidos atualmente, sob pena de pagamento de multa.
Produtores de biodiesel não aceitaram a proposta de 70% na véspera, afirmando que a medida poderia até mesmo afetar a produção de farelo de soja, uma vez que o biocombustível usa principalmente o óleo de soja como matéria-prima.
Não foi possível contatar imediatamente as partes envolvidas no tema.
(Por Roberto Samora)