CARACAS/BARQUISIMETO (Reuters) - A energia elétrica começou a voltar em partes da Venezuela na tarde desta sexta-feira, depois de a capital, Caracas, e grande parte do país terem sido atingidas por um blecaute que o governo atribuiu — sem apresentar evidências — a uma sabotagem da oposição.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, enfrenta uma batalha com a oposição sobre o resultado da eleição presidencial de 28 de julho, e acusa o que chama de “ataques” contra a rede elétrica, algo que a oposição sempre nega.
Todos os 24 Estados do país reportaram perda parcial ou total no fornecimento de energia elétrica, afirmou Freddy Nañez, ministro da Comunicação e da Informação, à televisão estatal na manhã desta sexta-feira.
“Fomos novamente vítimas de sabotagem elétrica”, afirmou. Ele não deu evidências de que houve um ataque deliberado.
Por volta das 13 horas no horário local, a eletricidade foi retomada em partes das cidades de Maracaibo, Valência, Puerto Ordaz e na capital, Caracas, de acordo com testemunhas da Reuters.
O ministro do Interior, Diosdado Cabello, disse à televisão estatal na manhã de sexta-feira que a eletricidade retornaria gradualmente, a começar pela capital: “Começará a voltar pouco a pouco em todo o país”.
A Venezuela sofreu apagões de magnitude nacional pela última vez em 2019, com alguns durando até três dias. As autoridades também atribuíram essas quedas de energia a ataques à rede por sabotadores e opositores do governo Maduro.
Um porta-voz da oposição não estava imediatamente disponível para comentar o tema, mas observadores culpam há tempos a infraestrutura em deterioração pelos blecautes.
O apagão desta sexta-feira atingiu importantes operações da estatal petrolífera PDVSA, incluindo o maior terminal de petróleo do país, chamado José, onde o carregamento e descarregamento de embarcações foi interrompido durante o episódio, segundo fontes e um documento visto pela Reuters.
Tanto o governo quanto a oposição dizem ter vencido a eleição do mês passado, com a autoridade eleitoral e a Suprema Corte apoiando Maduro. As autoridades não divulgaram as atas eleitorais, apesar de apelos da comunidade internacional nesse sentido.
(Reportagem de Vivian Sequera, Mayela Armas e Deisy Buitrago em Caracas e Keren Torres em Barquisimeto; reportagem adicional de Marianna Parraga em Houston, Mircely Guanipa em Maracay, Tibisay Romero em Valência, Mariela Nava em Maracaibo, Maria Ramirez em Puerto Ordaz e Tathiana Ortiz em San Cristobal)