SÃO PAULO (Reuters) - O Ministério da Agricultura disse nesta quarta-feira que o ministro Blairo Maggi só admite "hipótese" de rever a taxação do etanol importado se estudos, já encomendados pela pasta, "demonstrarem tecnicamente que a medida não mais se justifica".
A declaração ocorre um dia após Maggi comentar, durante evento em Brasília, que o governo avalia acabar com a taxa de 20 por cento sobre o biocombustível vindo de fora, algo que poderia ajudar a reabrir o mercado dos Estados Unidos à carne bovina brasileira.
"Nenhuma decisão será tomada sem antes ser debatida exaustivamente com todo o setor e só depois encaminhada para deliberação junto à Camex (Câmara de Comércio Exterior), respeitando todos os trâmites legais", destacou o Ministério da Agricultura em nota no seu site.
A declaração de Maggi foi mal recebida pelo setor sucroenergético brasileiro. Representantes disseram à Reuters nesta quarta-feira que cria insegurança jurídica e foge ao estabelecido inicialmente, de que a taxa de 20 por cento, para volumes superiores a 600 milhões de litros por ano, valeria por 24 meses.
O comentário do ministro mexeu até com os preços futuros do açúcar bruto na Bolsa de Nova York, que renovaram mínimas na sessão de terça-feira.
"Desde que assumiu a gestão do Ministério da Agricultura, o ministro Blairo Maggi tem demonstrado por suas ações ser um defensor intransigente do produtor. A taxação de 20 por cento sobre o etanol importado dos Estados Unidos foi um exemplo de medida para atender o setor em um momento crítico para os produtores brasileiros", acrescentou a pasta.
As importações de etanol pelo Brasil cresceram 121 por cento em 2017 na comparação com 2016, segundo dados do Ministério da Agricultura. As compras se concentraram no primeiro semestre, graças a uma arbitragem favorável para se trazer o produto do exterior.
(Por José Roberto Gomes)