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CPI da Covid leva relatório final para PGR e STF e cobra por desdobramentos

Publicado 27.10.2021, 13:00
© Reuters. Procurador-geral da República, Augusto Aras, em Brasília
04/08/2021 REUTERS/Adriano Machado

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - Senadores da CPI da Covid levaram pessoalmente nesta quarta-feira o relatório final das investigações ao procurador-geral da República, Augusto Aras, e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, com o objetivo de pedir às autoridades que deem andamento às apurações da comissão de inquérito.

Em entrevista coletiva após se reunir com Moraes, senadores disseram que o relatório vai ser fatiado e remetido para cada um das autoridades responsáveis por dar andamento às apurações parlamentares.

O grupo também vai criar um Observatório da Pandemia para acompanhar e pressionar por desdobramentos. O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), deu o tom da atuação a partir de agora.

"Nosso trabalho não terminou ontem com a aprovação. De nada servirá se nós tivéssemos apurado por 6 meses e não houver consequência", disse. "É uma tarefa nossa com o Brasil", acrescentou.

Na véspera, a comissão aprovou seu relatório final com o pedido de indiciamento do presidente Jair Bolsonaro e outras 77 pessoas, além de duas empresas, por crimes cometidos no enfrentamento da pandemia.

Bolsonaro é apontado no parecer como o principal responsável pelos erros na pandemia, que matou mais de 600 mil pessoas no Brasil, e defendeu puni-lo por 9 crimes. Na prática, cabe a Augusto Aras --que foi indicado e reconduzido recentemente pelo próprio presidente-- decidir se vai dar seguimento às apurações realizadas pela CPI no caso do presidente.

Durante a pandemia, o procurador-geral tem tido uma atuação comedida para apurar eventuais irregularidades do governo e do presidente, agindo de maneira geral de forma reativa a partir de solicitação de autoridades e parlamentares.

Mesmo diante do temor de que o procurador-geral não dê andamento às investigações contra Bolsonaro, senadores indicaram em entrevistas após o encontro com Aras terem ficado satisfeitos com o posicionamento dele.

Uma das maiores críticas de Aras, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) disse ter visto uma "firmeza de propósito" do procurador-geral com o trabalho da CPI, destacando a fala dele no encontro de que representa "todo o órgão".

Randolfe Rodrigues disse que vai aguardar o encaminhamento de Aras das conclusões da CPI e não descartou, em caso de ele não atuar, remeter diretamente a apuração referente a Bolsonaro ao Supremo.

"O Supremo Tribunal Federal estará à disposição se ocorrer eventual desídia do Ministério Público", disse. "Vamos aguardar os próximos 15 a 30 dias para saber qual vai ser o comportamento do procurador-geral da República", emendou.

O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que o presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), citou a Aras no encontro em que há investigados estabelecendo previamente prazo para o arquivamento das investigações da comissão, criando um constrangimento para o procurador-geral.

"A investigação se fez à luz do dia. Nós acessamos provas indiscutíveis e em determinado momento o procurador-geral confessou que tem a consciência do dever de fazer", disse ele, relatando o que Aras teria dito na reunião.

Em postagem no Twitter após o encontro, o procurador-geral disse que, com as informações do relatório da CPI da Covid do Senado, será possível avançar na apuração de autoridades com foro especial.

© Reuters. Procurador-geral da República, Augusto Aras, em Brasília
04/08/2021 REUTERS/Adriano Machado

"Esta CPI já produziu resultados. Temos denúncias, ações penais, autoridades afastadas e muitas investigações em andamento e agora, com essas novas informações poderemos avançar na apuração em relação a autoridades com prerrogativa do foro nos tribunais superiores", disse Aras.

REDES SOCIAIS

No encontro com Moraes, os senadores relataram que o ministro do STF cumprimentou-os pelos trabalhos e afirmou que deve analisar um pedido feito pela CPI para suspender as redes sociais de Bolsonaro após ele ter feito uma vinculação falsa entre vacina de Covid e casos de Aids.

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