BUENOS AIRES (Reuters) - O Ministério das Relações Exteriores da Argentina informou nesta sexta-feira que chegou a acordo com o Brasil para aumento de 1.400 metros por segundo (m³/s) na vazão do rio Paraná devido a impactos de uma forte seca que ameaça atrapalhar o escoamento da safra de grãos argentina.
O anúncio vem após pressão dos argentinos para que o Brasil aceitasse aumentar o fluxo de água da hidrelétrica de Itaipu de forma a elevar o nível do rio Paraná, que está em mínima de mais de uma década, conforme publicado pela Reuters na véspera com informações de fontes.
O menor nível de água no importante rio utilizado para transporte de cargas no país vizinho exige mais navios para transportar um mesmo volume de soja ou milho, por exemplo.
"O Brasil comunicou que já está programado um aumento da vazão da hidrelétrica de Itaipu para que a média de 5.350 m³/s da semana anterior seja aumentada em 850m³/s. E, além disso, foi acordado um novo aumento nas vazões de 550 m³/s, para que o aumento total seja de 1.400 m³/s e a vazão suba para uma média final próxima de 7.000 m³/s", disse a chancelaria da Argentina em nota.
Procurado, o Itamaraty não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre a manifestação do país vizinho.
Os argentinos afirmaram ainda que ficou acertado o estabelecimento de um mecanismo de diálogo semanal "para encontrar soluções que atendam à seca extraordinária que afeta toda a região".
O pleito da Argentina sobre Itaipu era considerado sensível por técnicos do setor elétrico do Brasil, uma vez que o país tem buscado guardar água nos reservatórios hidrelétricos para atravessar o chamado "período seco" na região dos lagos das usinas, que vai de maio ao final de outubro.
(Por Cassandra Garrison em Buenos Aires; texto e reportagem adicional de Luciano Costa em São Paulo)