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Argentina pressiona Brasil a verter água de Itaipu para ajudar escoamento de grãos

Publicado 16.04.2020, 18:03
© Reuters. Vista da usina hidrelétrica de Itaipu em Foz do Iguaçu (PR)
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Por Luciano Costa e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo argentino tem pressionado o Brasil a aumentar a vazão da hidrelétrica binacional de Itaipu, o que poderia ajudar a elevar o nível do rio Paraná e facilitar o escoamento da safra de grãos do país vizinho em um momento de forte seca, disseram à Reuters três fontes com conhecimento do assunto.

O movimento vem após a falta de chuvas ter levado as águas do importante rio utilizado para transporte de cargas na Argentina ao menor nível em uma década, o que exige mais navios para transportar um mesmo volume de soja ou milho, por exemplo.

Mas a demanda do país vizinho, que entra agora no pico da colheita de grãos, vem em momento em que o Brasil busca guardar água nos reservatórios hidrelétricos para atravessar o chamado "período seco" na região dos lagos das usinas, que vai de maio ao final de outubro.

O pleito tem sido negociado pelo Ministério das Relações Exteriores da Argentina junto ao Itamaraty e ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável por gerenciar o acionamento de usinas para atendimento à demanda por energia, disse uma das fontes, que falou sob a condição de anonimato.

O Paraguai também participa das conversas, uma vez que é sócio do Brasil na usina, instalada próxima à tríplice fronteira entre os países.

"Esse tema é sensível e envolve os três países... haverá nova rodada de negociações amanhã (sexta-feira)", disse a fonte.

O problema nas conversas, no entanto, é que técnicos do setor de energia brasileiro avaliam que o pleito da Argentina poderia atrapalhar a recuperação dos lagos das hidrelétricas do país após anos de precipitações insuficientes para encher os reservatórios.

"Estamos recuperando o armazenamento até o final de abril. Esse papo dos argentinos é um desejo", disse à Reuters uma fonte do setor elétrico que também pediu anonimato.

Apesar de chuvas melhores no Brasil neste ano, o Sul do país, onde fica Itaipu, sofre com a mesma seca que assola os argentinos, o que deixa os níveis dos reservatórios na região em nível abaixo do visto ano passado e ainda não considerado confortável.

Além disso, Itaipu não tem precisado operar a plena capacidade no momento devido à forte redução da demanda por energia em função da pandemia de coronavírus.

Assim, uma eventual ajuda aos vizinhos poderia envolver a liberação de água pelo vertedouro sem geração de energia, o que é visto como desperdício entre técnicos da área de energia, disse uma terceira fonte.

"Estamos abaixo do normal... como com reservatório menor vai verter água?", disse a fonte, acrescentando que tal manobra, tecnicamente, seria como "desperdiçar dólar pelo vertedouro".

A falta de alinhamento entre os governos do presidente argentino Alberto Fernandez, de esquerda, e do brasileiro Jair Bolsonaro, de extrema-direita, também não deve contribuir, assim como a disputa entre os países por exportações de grãos.

Enquanto o Brasil é maior exportador global de soja e o segundo em milho, a Argentina é a maior exportadora de farelo de soja, sendo também uma das principais fornecedoras globais de milho e soja.

"Eles fariam isso para a gente?", questionou a terceira fonte, sobre o pleito dos vizinhos.

© Reuters. Vista da usina hidrelétrica de Itaipu em Foz do Iguaçu (PR)

Procurado, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil não respondeu a um pedido de comentário. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e Itaipu também não puderam comentar de imediato.

O rio Paraná é a principal via de exportação de grãos da Argentina, por onde saem embarques do porto de Rosario até o Oceano Atlântico.

O menor nível das águas tem feito com que embarcações precisem deixar o porto com menos grãos --um navio Panamax, que geralmente zarpa dos portos argentinos com 50 mil a 55 mil toneladas, sofre diminuição de cerca de 7,5 mil toneladas na capacidade sob as atuais condições do rio, segundo o gerente da Câmara de Atividades Portuárias e Marítimas, Guillermo Wade.

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