Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - Uma discussão em andamento sobre a localização de um terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) da Petrobras (SA:PETR4) no Ceará impossibilita a venda neste momento da unidade ou das termelétricas a ele associadas, disse o presidente da companhia Pedro Parente nesta segunda-feira, ao falar com jornalistas após evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O governo do Ceará quer que a companhia mude a localização do terminal, mas isso geraria custos, disse Parente.
"De fato, há uma demanda para mudar o atracamento (da unidade)... mas isso tem custos e a discussão que se coloca é como esses custos serão cobertos. Enquanto não há essa definição, não podemos fazer nada, a não ser continuar (a operar os ativos)", afirmou o executivo.
A Reuters antecipou, com base em um documento confidencial, na última sexta-feira, que a Petrobras tem enfrentado problemas com o terminal e uma termelétrica instalados no Ceará.
O documento da petroleira visto pela Reuters apontou que a Secretaria de Infraestrutura do Ceará pretende utilizar para outros fins a área atualmente ocupada pelo terminal de GNL da Petrobras no Porto de Pecém, o que a companhia entende que "pode resultar em desmobilização" da unidade.
A Petrobras não havia comentado o assunto.
A estatal também afirmou no documento que tem enfrentado "inúmeros problemas" na operação de uma termelétrica abastecida pelo terminal, a UTE TermoCeará, atribuídos a "vícios ocultos no projeto das turbinas" da usina.
A TermoCeará pertencia originalmente à MPX, empresa de energia do empresário Eike Batista. A unidade foi comprada pela Petrobras em 2005 por 137 milhões de dólares.
Tanto o terminal de GNL no Ceará quanto a UTE TermoCeará foram colocados à venda após a Petrobras ter anunciado em junho a abertura de um processo competitivo para buscar compradores para esses ativos, em um pacote que inclui também o terminal GNL da companhia no Rio de Janeiro e todas termelétricas associadas a essas unidades.
Na sexta-feira, a Secretaria de Infraestrutura do Ceará disse que o governo local e a Petrobras "estão em tratativas para analisar o GNL e a repercussão em outros projetos estratégicos do Estado".