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Produção industrial do Brasil fecha 2016 com queda de 6,6%, 3º ano de perdas

Publicado 01.02.2017, 10:08
Atualizado 01.02.2017, 10:10
© Reuters.  Produção industrial do Brasil fecha 2016 com queda de 6,6%, 3º ano de perdas
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Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A indústria brasileira fechou 2016 com queda de 6,6 por cento na produção, terceiro ano seguido de perdas diante da fraqueza nos investimentos e da demanda interna frente à recessão no país.

O resultado é o terceiro pior para um ano na série histórica iniciada em 2002, perdendo apenas para 2015, com queda de 8,3 por cento na produção, e para 2009, com recuo de 7,1 por cento.

Só em dezembro, a produção avançou 2,3 por cento sobre o mês anterior, acima da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 2,1 por cento e o melhor resultado para o mês desde 2011 (+2,7 por cento). Mas o resultado não é suficiente para indicar reversão no setor.

De acordo com dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na comparação com dezembro de 2015 houve perda de 0,1 por cento, contra expectativa de queda de queda de 0,9 por cento.

"Mesmo com essa melhora em dezembro, está longe ainda de representar uma reversão de tendência. Há questões conjunturais que precisam ser resolvidas para se pensar em reversão de trajetória", afirmou o economista do IBGE André Macedo.

O IBGE apontou que o pior desempenho em 2016 veio da categoria Bens de Capital, uma medida de investimento, que registrou no ano perdas de 11,1 por cento, pressionada principalmente por bens de capital para equipamentos de transporte e para fins industriais.

As perdas foram generalizadas, com a produção de Bens Intermediários recuando 6,3 por cento e a de Bens de Consumo com queda de 5,9 por cento.

As maiores influências negativas no ano passado foram exercidas por indústrias extrativas (-9,4 por cento), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-8,5 por cento) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,4 por cento).

VEÍCULOS

Na comparação mensal, Bens de Capital foi a única categoria a apresentar queda em dezembro, de 3,2 por cento. Sobre novembro o destaque foi a alta de 6,5 por cento na produção de Bens de Consumo Duráveis.

Dos 24 ramos pesquisados, 16 apresentaram alta sobre novembro, com destaque para veículos automotores, reboques e carrocerias. O segmento subiu 10,8 por cento, melhor resultado desde junho de 2016 (11,7 por cento).

De acordo com Macedo, o aumento da produção de veículos automotores que impulsionou o resultado da produção em dezembro pode ter sido um movimento de antecipação diante da expectativa de alta nos preços do aço.

"Mais parece um movimento de redução de custos do que aumento de demanda. Os estoques dos carros e caminhões continuam um problema não totalmente resolvido", explicou ele.

A indústria vem sofrendo com dois anos de recessão, além da fraqueza da confiança de empresários que limita investimentos. O desemprego alto também vem prejudicando a demanda dos consumidores.

"Todas as características negativas de 2016 permanecem. Mercado de trabalho continua com menos ocupados, renda menor, endividamento alto. A melhora por conta da política monetária pode vir no futuro, mas não automaticamente”, afirmou o economista do IBGE, referindo-se ao ciclo de corte da Selic iniciado pelo Banco Central.

A confiança da indústria iniciou o ano em alta diante da situação atual mais otimista e também com a melhora das expectativas, atingindo o maior nível desde maio de 2014 segundo dados da Fundação Getulio Vargas (FGV).

A pesquisa Focus do Banco Central mostra que a expectativa dos economistas consultados é de expansão da produção industrial este ano de 1 por cento, chegando a 2,10 por cento em 2018.

Isso com projeção de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça respectivamente 0,50 e 2,20 por cento.

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