Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A produção total de grãos e oleaginosas do Brasil na safra 2021/22 atingiu 271,2 milhões de toneladas, alta de 5,6% ante ciclo anterior, graças a um aumento ainda maior na área plantada, o que garantiu uma produção recorde apesar do tempo seco que afetou principalmente a colheita de soja, apontou nesta quinta-feira a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Em seu último levantamento mensal para a temporada, a estatal estimou a área plantada total em 74,3 milhões de hectares, o que significa um crescimento de 6%, ou mais de 4 milhões de hectares, na comparação com 2020/21.
O aumento do plantio foi impulsionado principalmente pelas duas principais cultura do Brasil, soja e milho, de 1,9 milhão e 1,6 milhão de hectares, respectivamente. No cereal, a área tem aumentado na segunda safra, plantada após a colheita de soja, que por sua vez tem avançado em geral em terras antes usadas por pastos.
No caso da oleaginosa, a área maior evitou uma queda drástica na produção, atingida pela estiagem no Sul.
"Embora tenha passado por adversidades climáticas em algumas regiões produtoras, principalmente nos Estados da região Sul do país, esta é a maior colheita já registrada dentro da série histórica de produção de grãos no Brasil", disse o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro, em nota.
Principal produto cultivado no Brasil, a soja teve o desenvolvimento marcado pelas altas temperaturas e falta de chuvas em importantes regiões produtoras. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a quebra registrada superou 50%.
Contudo, no 12º relatório da safra 21/22, a Conab revisou para cima a projeção da safra de soja do Brasil --maior produtor e exportador global-- para 125,55 milhões de toneladas, ante 124,05 milhões em agosto. Ainda assim a produção caiu 9,9% na comparação com 2020/21, quando o país teve um recorde.
Com uma revisão para cima na estimativa, a Conab elevou a previsão de exportação de soja do país em 2022 para 77,19 milhões de toneladas, versus 75,23 milhões vistos no mês passado, também abaixo do recorde de mais de 86 milhões de toneladas visto em 2021.
Já a safra total de milho do Brasil 2021/22 foi estimada em 113,3 milhões de toneladas, com redução ante as 114,69 milhões de toneladas da previsão de agosto, mas um aumento de 30,1% versus o ciclo 2020/21, graças à recuperação de produtividades após severa seca na temporada anterior.
A exportação de milho deverá somar 37 milhões de toneladas, 500 mil a menos do que o previsto em agosto, mas um aumento forte na comparação com as 20,8 milhões de toneladas de 2020/21.
Após duas safras com a seca atingindo milho (em 2021) e soja (em 2022), e com crescimentos seguidos na área plantada motivados por preços favoráveis, o Brasil espera colher finalmente mais de 300 milhões de toneladas de grãos na temporada 2022/23, cujo plantio começa neste mês.
ALGODÃO E TRIGO
A safra de algodão do Brasil 2021/22 foi estimada em 2,55 milhões de toneladas (pluma), contra 2,73 milhões na previsão anterior, mas uma alta de 8,3% ante ciclo passado, disse a Conab.
Já a safra de trigo, que está em processo de colheita no Brasil, foi vista em recorde de 9,36 milhões de toneladas em 2022, ante 9,16 milhões na projeção de agosto e alta de 22% na comparação anual.
"Houve leve atraso na semeadura no Sul do país devido ao excesso de chuvas, mas as condições são favoráveis ao desenvolvimento das lavouras", notou a Conab.
Com uma safra maior, a Conab reduziu a previsão de importação de trigo pelo Brasil em 200 mil toneladas, para 6,3 milhões de toneladas em 2021/22.
(Por Roberto Samora)