Por Steve Holland
JEDDAH (Reuters) - Joe Biden começou nesta sexta-feira uma visita à Arábia Saudita cumprimentando o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman com os punhos fechados e trocando um aperto de mãos com o rei Salman, enquanto os Estados Unidos tentam redefinir seu relacionamento com um país que o presidente norte-americano já prometeu no passado tornar "pária" no cenário global.
Interesses em energia e segurança levaram Biden e seus assessores a decidir não isolar o gigante do petróleo do Golfo Pérsico, que vem fortalecendo os laços com a Rússia e a China.
Mas o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, diminuiu as expectativas de qualquer aumento imediato na oferta de petróleo para ajudar a reduzir os altos custos da gasolina e aliviar a mais alta inflação dos EUA em quatro décadas.
Biden, que disse que discutiria os direitos humanos durante a visita, foi recebido pelo príncipe Khalid al-Faisal, governador da província de Meca, que inclui a cidade de Jeddah, no Mar Vermelho.
O presidente dos EUA então se dirigiu ao palácio real, onde a TV saudita o mostrou trocando um cumprimento de punho com o príncipe herdeiro e depois apertando a mão do rei.
No início da viagem de Biden ao Oriente Médio, as autoridades disseram que ele evitaria contatos próximos, como apertar as mãos, como precaução contra a Covid-19, mas o presidente acabou se envolvendo em apertos de mão em sua parada anterior, em Israel.
A Casa Branca disse que Biden realizará uma reunião bilateral com o rei saudita e, em seguida, sua equipe teria uma sessão de trabalho com o príncipe herdeiro, conhecido como MbS, e ministros sauditas.
A visita sensível será observada de perto pela linguagem corporal e retórica e testará a capacidade de Biden em restabelecer as relações com o príncipe herdeiro, o governante de fato do reino.
A inteligência dos EUA concluiu que MbS aprovou diretamente o assassinato em 2018 do jornalista Jamal Khashoggi, do Washington Post, enquanto o príncipe herdeiro nega ter um papel no assassinato.
Biden quer "recalibrar" as relações de Washington com a Arábia Saudita e não rompê-las, enfatizou Sullivan.
O presidente dos EUA disse na quinta-feira que sua posição sobre o assassinato de Khashoggi era "absolutamente" clara. Biden fez seu comentário de "pária" menos de dois anos atrás, após o assassinato do jornalista e enquanto fazia campanha para presidente.
Biden disse que levantaria a questão dos direitos humanos na Arábia Saudita, mas não afirmou especificamente se abordaria o assassinato de Khashoggi com os líderes do país.
(Reportagem adicional de Jarrett Renshaw e Maha El Dahan, em Jeddah; Jeff Mason e David Gaffen e Omar Fahmy, no Cairo)