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Brasil teve emissão de carbono estável em 2018; energia limpa compensou desmatamento

Publicado 05.11.2019, 17:19
Atualizado 05.11.2019, 17:21
Brasil teve emissão de carbono estável em 2018; energia limpa compensou desmatamento

Por Marcelo Teixeira

SÃO PAULO (Reuters) - A maior utilização de fontes renováveis de energia, como etanol e eólica, compensou o aumento das emissões de carbono causado pelo desmatamento no ano passado, permitindo que o Brasil mantenha os gases de efeito estufa sob controle, apontou um relatório nesta terça-feira.

As emissões no Brasil de gases tidos como responsáveis pelo aquecimento global atingiram 1,939 bilhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e) em 2018, 0,3% a mais do que foi registrado em 2017, de acordo com o SEEG, o estudo mais abrangente sobre o tópico no país.

As emissões do setor energético recuaram 5% no ano passado quando comparadas às do ano anterior, para 407 milhões de toneladas de CO2e, à medida que fontes renováveis continuam a ampliar sua fatia na matriz energética brasileira.

Em contraste, as emissões provenientes da destruição de florestas avançaram 3,6%, para 845 milhões de toneladas de CO2e, o que levou tal fonte a aumentar sua parcela no total das emissões brasileiras para 44%, mais que a participação combinada dos setores de indústria e energia.

A contribuição da energia limpa, no entanto, não deve evitar um aumento nos níveis de dióxido de carbono em 2019, uma vez que o desmatamento avançou acentuadamente neste ano, atingindo o maior nível em uma década -- e, embora as emissões tenham se mantido estáveis, não há compensação para as perdas causadas à fauna e flora.

Os dados colocam o Brasil como o sétimo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, em lista que é liderada pela China, seguida por Estados Unidos e União Europeia.

"O Brasil deveria estar em uma posição muito melhor. Sua matriz energética está ficando ainda mais limpa. Se o desmatamento fosse interrompido, as emissões seriam um terço disso", disse Tasso Azevedo, coordenador do estudo.

"Haverá um aumento significativo (de emissões em 2019)", afirmou Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), organização que colabora com dados sobre as alterações no uso da terra para o estudo do SEEG.

O desmatamento leva a algumas descobertas curiosas. Ao contrário de outros países, onde Estados com maior concentração de indústrias lideram os números de emissão, no Brasil o ranking é liderado por Pará e Mato Grosso, por exemplo, Estados da Amazônia Legal, enquanto São Paulo, fortemente industrializado, figura em um distante quarto lugar.

As atividades de pecuária contribuíram para o aumento da emissão nesses Estados, além do próprio desflorestamento.

"Há uma diferença muito grande na origem das emissões no Brasil quando comparamos à maioria dos países", disse Ricardo Abramovay, economista da Universidade de São Paulo.

"Enquanto em países como EUA e Japão uma mudança para uma sociedade com menos emissões necessitará de grandes investimentos para modificar os modelos de produção e os hábitos de consumo, no Brasil nós precisamos apenas reduzir o desmatamento, um investimento pequeno", acrescentou.

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