Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - A Brazil Potash e o conglomerado agrícola brasileiro Amaggi assinaram acordos visando a compra e venda de 2,4 milhões de toneladas de potássio que a empresa canadense planeja extrair na Amazônia, de acordo com um comunicado conjunto divulgado nesta segunda-feira.
Segundo os acordos, a Amaggi comprará 500 mil toneladas por ano da mineradora canadense por pelo menos 15 anos. A empresa brasileira também terá direitos de vender 1,9 milhão de toneladas da produção anual da matéria-prima usada como fertilizante.
Além disso, o braço de logística da Amaggi transportará 2,4 milhões de toneladas de produção anual de potássio para portos fluviais do interior do Brasil, que ficam próximos a importantes regiões de produção de grãos.
A Reuters informou anteriormente que a Amaggi e a Brazil Potash estavam em negociações para uma potencial parceria relacionada ao projeto amazônico da Brazil Potash, que deve iniciar a produção em 2026.
O projeto de mineração de potássio do Brazil Potash em Autazes, a 120 km a sudeste de Manaus, ajudaria a reduzir a dependência brasileira de importações. O país importa cerca de 98% de suas necessidades de potássio, disseram as empresas.
Os preços globais do potássio aumentaram depois que a guerra entre Rússia e Ucrânia levou muitos países ocidentais a impor sanções contra empresas de fertilizantes russas e da Belarus, que abrigam alguns dos principais fornecedores do mundo.
Em resposta, o governo brasileiro lançou um plano para aumentar a produção local de fertilizantes e reduzir sua dependência de importações, um movimento que atraiu a atenção estrangeira e reacendeu o interesse em alguns projetos.
O Brasil importa cerca de 85% de suas necessidades de fertilizantes.
O preço do potássio nos contratos entre Amaggi e Brazil Potash é baseado no valor de entrega à vista para o chamado MOP granulado no mercado nacional, mais economia de frete menos desconto.
A Brazil Potash recebeu uma licença de instalação das autoridades do Estado do Amazonas para Autazes, mas esta foi suspensa por um tribunal enquanto se aguarda o resultado das consultas à comunidade indígena Mura a respeito do projeto.
A empresa reiterou seu objetivo de obter a licença até o final do ano para garantir o financiamento e começar a construir a mina de 2,4 bilhões de dólares. O passo final é obter uma licença de operação.
(Reportagem de Ana Mano)