Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A desenvolvedora de projetos de energia eólica Casa dos Ventos preferiu não ir até o fim na disputa em leilões realizados pelo governo federal nesta semana para contratar novas usinas da fonte, devido a uma forte competição que derrubou retornos para os investidores, disse um executivo da companhia à Reuters.
Mas ainda assim a Casa dos Ventos teve ganhos com as licitações, uma vez que a italiana Enel (MI:ENEI) Green Power e a EDP (SA:ENBR3) Renováveis utilizaram com sucesso na concorrência quase 650 megawatts em projetos vendidos pela empresa.
"Quase metade dos projetos (vencedores) do leilão foram desenvolvidos pela Casa dos Ventos.... Há uma confidencialidade dos números, mas são recursos significativos, que até nos possibilitam ter uma condição melhor para os próximos leilões", disse o diretor de Projetos e Novos Negócios da empresa, Lucas Araripe.
A Casa dos Ventos também anunciou na semana passada a venda de um parque eólico de 359 megawatts para uma joint venture entre a Votorantim Energia e a canadense Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB).
Nos leilões de energia desta semana, os chamados A-4 e A-6, o governo contratou novas usinas para iniciar operação em 2021 e 2023, e as eólicas tiveram os menores preços já praticados pela fonte, batendo um recorde anterior registrado em 2012.
"A gente viu deságios bem consideráveis, para patamares de preço em que os retornos ficam ali eventualmente em taxa real de um dígito, então a gente optou por deixar nossos projetos bastante competitivos para outra oportunidade", disse o executivo.
Ele disse que a Casa dos Ventos vendeu cerca de 580 megawatts em projetos à italiana Enel, além de cerca de 50 megawatts à EDP Renováveis.
O diretor atribuiu a forte competição e os elevados deságios no leilão a um "apetite represado" desses grandes investidores estrangeiros por contratos de energia renovável no Brasil, após o país cancelar uma licitação para eólicas e solares no ano passado em meio à falta de demanda por energia devido à crise econômica.