Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - As chuvas acima da média nos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste, registradas no início de julho, devem continuar nesta semana, mas não configuram uma reversão no cenário esperado para o preço da energia no mercado de curto prazo neste ano, disse a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Na última semana, a previsão de maiores precipitações no sistema, em 118 por cento da média histórica, baixou o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) para 236,51 reais por megawatt-hora no Sudeste, o menor patamar desde janeiro de 2014.
No entanto, a previsão da CCEE é de que as afluências tenham leve redução a partir da próxima semana e sigam sem grandes surpresas nos próximos meses.
"Tudo indica que vamos ter, daqui para novembro, condições próximas da média histórica, o que já é uma melhoria relativa em relação aos anos de 2013 e 2014", disse à Reuters o gerente de Preço da CCEE, Rodrigo Sacchi.
"Não há nenhuma perspectiva de que isso que está acontecendo agora no início do período seco vá se prolongar."
As projeções da CCEE, responsável por calcular o PLD semanalmente, indicam que o preço deve variar entre 250 e 200 reais por megawatt-hora até dezembro.
A previsão leva em conta a ocorrência de um El Niño de fraco a moderado. Com isso, o fenômeno climatológico, que normalmente resulta em chuvas acima da média no Sul do país, não deve ter maiores efeitos sobre o setor elétrico, até devido ao fato de os maiores reservatórios encontrarem-se no Sudeste.
PRÓXIMO ANO
Uma redução maior nos preços da energia no mercado spot, que estão acima dos 150 reais por megawatt-hora desde julho de 2013, é esperada somente com o início do período úmido, principalmente a partir de 2016.
"É bem provável que o preço vá para essa faixa de 100 a 150 reais por megawatt-hora, já desde o início do ano", disse Sacchi.
Para o representante da CCEE, esse patamar de preços favoreceria a competitividade do mercado livre de eletricidade, no qual grandes empresas compram contratos de energia com geradores ou comercializadoras, frente ao ambiente regulado, no qual o consumidor é suprido por uma distribuidora.
"A eventual redução de tarifas (no mercado regulado) pode demorar de um a dois anos, a partir de uma melhora conjuntural (na hidrologia), enquanto os preços de contratos no ambiente livre seguem o comportamento conjuntural do PLD", disse Sacchi.
Segundo ele, configurando-se essa redução de preços, os valores no mercado livre ficariam mais baixos em relação ao ambiente regulado, retomando uma situação registrada no passado, antes de o setor ter sido afetado por chuvas fracas nos últimos anos.