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SÃO PAULO (Reuters) - Algumas áreas do Rio Grande do Sul deverão ter um acumulado de mais de 500 milímetros de chuvas nesta semana até sábado, com riscos de alagamentos, antes de o Estado e partes do centro-sul serem atingidos por geadas que podem afetar o milho do Paraná, afirmou nesta quarta-feira a Rural Clima.
"As chuvas que estão ocorrendo no Rio Grande do Sul e Santa Catarina... nas últimas 96 horas, de segunda-feira até agora, superaram 300 milímetros", afirmou o agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, da Rural Clima. "Muitas áreas já estão alagadas... e as próximas 96 horas serão de muitas chuvas, esperamos volumes superiores a 200 mm".
Para a agricultura, as chuvas prejudicam o plantio das lavouras de inverno, especialmente o trigo, o que tem colaborado para a redução da área plantada com o cereal no Rio Grande do Sul, que é o maior Estado produtor brasileiro, segundo a consultoria StoneX.
De acordo com Santos, há risco de alagamentos e elevação dos níveis dos rios na região central do Rio Grande do Sul.
"Não descartamos a possibilidade que durante o final de semana essas chuvas cheguem ao Vale do Itajaí e que tenhamos transtornos na Grande Porto Alegre. Nada comparado com o que vimos no ano passado, mas existe sim possibilidade de termos elevação das águas do Guaíba", afirmou.
Ele reforçou que a previsão indica que os problemas decorrentes das chuvas estarão "muito longe" dos registrados em 2024, quando o Rio Grande do Sul foi atingido por enchentes históricas.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta de grande perigo de alagamentos e deslizamentos na região metropolitana de Porto Alegre, central e das Missões, além de tempestades e ventos de até 100 km/h.
Há dezenas de estradas bloqueadas e 1,3 mil pessoas desabrigadas ou desalojadas, com uma morte sendo registrada em Candelária, segundo os bombeiros.
VENTOS E GEADAS
Santos destacou que entre os dias 22 e 23 são esperadas rajadas de ventos superando 40 km/h no Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, o que pode levar ao acamamento de lavouras de cana-de-açúcar e milho.
"Isso pode levar a grandes impactos nas áreas de cana e milho safrinha", disse o agrometeorologista.
No início da próxima semana, o tempo abre e vem uma onda de frio que pode trazer geadas amplas para Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, além de algumas áreas de Mato Grosso do Sul e sul de São Paulo.
Neste caso, parte do milho segunda safra do Paraná poderia ser atingida pelo frio intenso, embora mais da metade da área cultivada do Estado esteja em maturação, próxima da colheita, quando geadas não são um problema.
"No dia 24 pode ter geadas. Não acho que pega café, não acho que pega laranja e cana de São Paulo e Minas Gerais, mas acho que pode pegar o milho do Paraná", disse Santos.
Ele observou que será preciso acompanhar as previsões nos próximos dias, para se ter a confirmação da intensidade e da abrangência das geadas.
(Por Roberto Samora; com reportagem adicional de Débora Ely em Porto Alegre)