Por Gabriel Araujo
SÃO PAULO (Reuters) - A colheita da segunda safra de milho 2019/20 do Paraná se manteve em 2% da área plantada até segunda-feira, mesmo nível verificado na semana anterior e 4 pontos percentuais aquém do registrado em igual período do ano passado, indicaram dados do Departamento de Economia Rural (Deral) nesta terça-feira.
Segundo o órgão do governo estadual, os trabalhos ainda são realizados em pequenas áreas que colhem o cereal mais cedo --especialmente Irati, no sul do Estado, e o núcleo de Campo Mourão.
"Devemos ter uma colheita com maior volume a partir da segunda quinzena deste mês", disse à Reuters o técnico do Deral, Edmar Gervásio.
Até este momento, a safra possui 42% de condição boa, além de 40% em nível médio e 18% em condição ruim, de acordo com números do departamento.
Na semana passada, quando registrou as primeiras áreas colhidas, o Paraná revisou para baixo a projeção da chamada "safrinha" --a principal de milho do Brasil--, passando a estimar 11,26 milhões de toneladas, cerca de 1 milhão de toneladas a menos que o previsto em abril.
O recuo na produção, que na comparação anual deve atingir 15%, é motivado especialmente pelas perdas resultantes de uma seca que atingiu o Estado, aliada ao plantio tardio após colheita também tardia de soja.
Nos últimos dias, porém, as chuvas chegaram ao Paraná em bom volume, disse Gervásio, o que deve contribuir para a parte final da temporada.
"Acredito que deve ser o suficiente para o final do ciclo, salvo algumas regiões mais ao norte."
TRIGO
O plantio de trigo 2019/20 no Paraná, por sua vez, atingiu 75% da área estimada, avançando 12 pontos percentuais na semana e ficando à frente dos 68% verificados no mesmo período do ano passado.
"Melhorou bem, mesmo... Já está melhor do que a média histórica. Isso se deve, em grande parte, em função das chuvas. A gente teve chuvas já no final da semana anterior e já tinha previsão para esse começo de semana ter chuvas também", destacou o especialista Carlos Hugo Godinho.
"No meio disso (períodos de chuvas), teve um período muito seco. Então isso ajudou muito o produtor a ter a confiança de que ele já podia plantar, pela umidade que já tinha, e ainda tinha uma previsão de chuva, de que essa umidade ia melhorar. Então aumentou bastante o plantio."
De acordo com os números do Deral, 77% das lavouras apresentam condições boas, ante 71% na semana passada. As áreas com condição ruim são apenas 4%.
Segundo Godinho, o único ponto negativo no plantio de trigo do Paraná está nas lavouras semeadas muito antecipadamente, ainda em abril, que tiveram uma germinação desuniforme e devem registrar perdas.
"No número geral do Estado, eu acho que não vai fazer alguma diferença muito grande por enquanto... Mas já é um potencial de ter algum probleminha", afirmou o analista, reiterando que até o momento há indícios de uma boa safra.
Maior produtor do cereal no Brasil, o Paraná deve colher uma safra de 3,5 milhões de toneladas na atual temporada, avanço de 65% em relação ao ano anterior, quando a produção foi fortemente afetada por geadas e pela seca.