Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) - A colheita de milho 2022/23 alcançou 46% das áreas no Rio Grande do Sul, avanço de sete pontos percentuais na semana, com lavouras tanto do cereal quanto da soja ainda sendo prejudicadas pela seca e altas temperaturas, disse nesta quinta-feira a empresa de assistência técnica e extensão rural Emater-RS.
No mesmo período do ciclo anterior, a colheita de milho estava em 51% e a média para esta época do ano é de 42%.
Por outro lado, a falta de chuvas fez com que parte dos produtores ainda não tenha encerrado o plantio das duas culturas. Segundo a Emater, 99% das áreas estão semeadas na soja e no milho, ambos com atraso em relação à média histórica.
"A continuidade das condições climáticas de tempo predominante seco e de temperaturas elevadas ainda prejudica a soja", disse em relatório a empresa ligada ao governo estadual.
Na regional de Bagé, por exemplo, a estiagem está refletindo em maiores impactos se comparada ao cenário dos meses de dezembro e janeiro, pois, no momento, mais de 60% das áreas já atingiram a fase de floração ou enchimento de grãos, quando a capacidade de tolerância da cultura ao estresse hídrico reduz significativamente, informou a Emater sobre a oleaginosa.
Na média do Estado, 45% das lavouras de soja estão na etapa de floração e 32% em enchimento de grãos, o que significa que as condições climáticas e as chuvas que virão neste mês serão fundamentais para definir a produtividade da safra.
No caso do milho, na fronteira oeste do Estado, a produtividade das lavouras em São Borja apresentou quebra de 50% sobre a produção estimada em 4.800 kg/hectare durante plantio.
Até mesmo as áreas irrigadas do cereal tiveram prejuízos da ordem de 10% sobre a produtividade de 10.800 kg/hectare esperada inicialmente no oeste, ressaltou a Emater.
A seca já causou um prejuízo financeiro estimado em 28,38 bilhões de reais para as lavouras de soja do Rio Grande do Sul na safra 2022/23, de acordo com levantamento envolvendo 21 cooperativas e divulgado pela FecoAgro/RS nesta quinta-feira.
Mais cedo, a consultoria AgRural anunciou um novo corte em sua projeção para a safra nacional de soja em função da quebra na produção gaúcha, a 150,9 milhões de toneladas.
Para o Rio Grande do Sul, a consultoria prevê agora 16,1 milhões de toneladas do grão, com queda de 4,3 milhões em relação ao número de janeiro.
(Reportagem de Nayara Figueiredo)