Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizará no próximo dia 6 o primeiro leilão de compra de arroz importado, para o país tentar lidar com as consequências das enchentes no Rio Grande do Sul, como impactos nos preços do produto básico, disse o presidente da Conab, Edegar Pretto, nesta quarta-feira.
Ele destacou que o volume autorizado para compras do arroz importado, de até 1 milhão de toneladas, é o equivalente ao que se estima que foi perdido na safra do Rio Grande do Sul, Estado que responde por cerca de 70% da produção nacional do grão.
O presidente da Conab citou que as perdas estimadas nas lavouras gaúchas giram em cerca de 600 mil toneladas de arroz, que se somariam a outros prejuízos esperados em silos atingidos pelas águas.
Pretto admitiu, em entrevista online a jornalistas, que ainda não foi possível contabilizar os prejuízos nos armazéns.
No primeiro leilão, marcado para o próximo dia 6, a Conab comprará inicialmente 300 mil toneladas de arroz importado.
Pretto acrescentou que, dependendo do impacto do leilão nos preços do arroz no mercado, o governo brasileiro vai avaliar a necessidade de se realizar outras operações, até o limite autorizado de 1 milhão de toneladas.
A aviso da compra de arroz importado foi publicado pela Conab nesta quarta-feira.
Diretores da Conab reunidos na entrevista coletiva disseram ainda que representantes de vários países produtores de arroz estão interessados em ofertar o produto para os importadores participantes do leilão que será realizado pelo governo brasileiro.
O diretor de Política Agrícola e Informação da Conab, Silvio Porto, frisou também que a operação de compra de arroz importado pela companhia se trata de evento "excepcional" por conta das enchentes no Rio Grande do Sul.
Segundo ele, a Conab não tem intenção de realizar outras operações semelhantes no futuro.
A Conab informou ainda que prazo para o produto importado começar a chegar aos locais de entrega é 90 dias. Segundo os diretores, neste período a companhia já estará negociando o produto que será colocado à venda por preço de 4 reais por kg aos consumidores dos supermercados.
REFORÇO NA POLÍTICA
O presidente da Conab disse que a operação com arroz importado sinaliza que o governo brasileiro prioriza o acesso a alimentos para a população brasileira, mas mostra também que a estatal está reforçando sua política de estoques públicos.
"Estamos preparando medidas muito potentes", disse ele, ao se referir ao que poderá ser anunciado no próximo Plano Safra.
"Queremos garantir preços justos e compensadores para agricultores... existe a possibilidade de lançarmos medidas mais arrojadas... como contratos de opção de venda aos agricultores", disse ele, lembrando que a ideia do governo é fazer estoques públicos com o produto cultivado no Brasil, e que aquisição de arroz importado é algo extraordinário.
"Se o governo voltar a fazer estoques públicos, achamos que pode ser um incentivo a mais para ampliar a produção no país. Queremos aumentar a oferta de alimentos no país, e a questão do arroz está ligada a medidas que serão anunciadas no Plano Safra", afirmou.
A compra de arroz importado, por outro lado, enfrenta forte oposição de agricultores gaúchos, que afirmam ter oferta para atender ao país, ao mesmo tempo em que temem ver os preços do cereal achatados com a operação da Conab.
Pretto lembrou que as operações de estoques públicos começaram no ano passado, com as compras de milho que totalizaram 360 mil toneladas, sendo "importante" para atender consumidores das regiões Norte e Nordeste.