São Paulo, 24 - A principal escolha dos agricultores da região do Matopiba (iniciais dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) para o escoamento da produção é o eixo Arco Norte, em particular o Porto de Itaqui, no Maranhão. Estima-se que cerca de 94,29% do milho exportado pelo Matopiba no ano passado foi embarcado em Itaqui, o que representa 5,55 milhões de toneladas, de acordo com o Anuário Agrologístico 2024, apresentado, na terça-feira, 23, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo o estudo, o porto localizado no Maranhão também é a principal porta de saída da soja para a região, movimentando aproximadamente 10,41 milhões de t, uma participação de 26,3% do volume exportado.
O superintendente de Logística Operacional da Conab, Thomé Guth, destacou em comunicado que "esse resultado é reflexo dos avanços não apenas dos portos da região, mas também dos modais. Esse progresso impulsiona esse novo eixo, ao tornar a região economicamente atrativa aos agricultores, que encontram fretes mais baratos em relação às rotas para os portos do Sul e Sudeste. Além disso, há um crescente investimento realizado nesses portos para o embarque de grãos e internalização de fertilizantes, o que promove, para muitas cargas direcionadas ao Arco Norte, o frete de retorno. Cenário que tende a se repetir também na nova região do Sealba (Sergipe, Alagoas e Bahia".
De acordo com a publicação da Conab, a Bahia ainda é o principal Estado exportador de soja do Matopiba. No entanto, em termos porcentuais, foi o que menos cresceu comparativamente aos outros Estados pertencentes a esta região. No período entre 2019 e 2023, o incremento das exportações baianas foi de 38,7% em comparação com 81,3%, 103,8% e 64,1% dos Estados do Maranhão, Piauí e Tocantins, respectivamente.
O superintendente da Conab ressaltou que "o volume de exportação de soja do Maranhão vem se aproximando daquele exportado pela Bahia, com uma tendência de o Estado maranhense se tornar o principal exportador da oleaginosa da região. Isso porque quase tudo que o Maranhão produz é exportado, enquanto a Bahia reserva parte da produção para plantar, consumir e exportar farelo de soja".
A publicação da Conab aponta que, em comparação com 2019, o volume exportado pelo Arco Norte apresentou aumento, tanto para a soja, de 30,4%, em 2019 para 33,8% em 2023, quanto para o milho, de 33,4% para 42,5% no mesmos período. Já o porto de Santos teve incremento somente para soja nos comparativos dos últimos cinco anos, na ordem de 6,9%, caindo em 5,0% no caso do milho. "Se o comparativo for mais longe, essa elevação da importância do Arco Norte para as exportações é ainda mais significativa", observou Guth.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em 2010 a participação dos portos da região Norte nas exportações de soja e milho era de cerca de 8%. Cenário totalmente diferente ao encontrado em 2022, quando essa contribuição chegou a 40,3%. "No último ano, todavia, eles perderam 3,4% para os portos do Sul e Sudeste do País. Mas vale destacar que isso ocorreu, sobretudo, pelo redirecionamento de parte dos embarques, por questões de navegabilidade das hidrovias do Norte do País, por causa da forte seca registrada", avaliou.