O custo do frete de transporte dos produtos agropecuários brasileiros é 30% maior em comparação com o observado na cadeia produtiva nos Estados Unidos, segundo o coordenador de monitoramento do Ministério da Agricultura, Eduardo Marcusso. "O Brasil tem um custo de frete muito alto comparado com outros países e isso não vem de hoje. O frete de Mato Grosso é 30% superior ao dos Estados Unidos, o que afeta a competitividade do setor", disse Marcusso na quinta-feira, 18, durante audiência pública sobre gargalos e desafios para o escoamento da safra na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados.
Segundo Marcusso, o governo federal vem realizando investimentos expressivos na área para diminuir a diferença de competitividade do agronegócio local em relação aos países concorrentes. Ele citou como exemplo o aumento da participação dos portos do Arco Norte, mais próximos aos polos produtores, na movimentação logística do setor. "A participação do Arco Norte nas exportações do agro era de 13% há pouco tempo e hoje está em 30%. Isso vai continuar crescendo, em virtude dos investimentos que estão dados. É fundamental que avancemos no acesso rodoviário e ferroviário ao Arco Norte e na armazenagem para diminuir a pressão sobre o escoamento", acrescentou.
O diretor executivo da Associação Nacional dos Transportes Ferroviários (ANTF), Davi Barreto, afirmou que o Brasil precisa realizar ainda muito investimento na malha ferroviária para diminuir os custos do transporte de cargas. "O Programa de Aceleração de Investimentos (PAC) 3 traz participação de 20% para 35% das ferrovias na matriz de transportes, o que vai gerar ganho expressivo de produtividade para os produtos brasileiros. O investimento do PAC em ferrovias vai mudar esse cenário", apontou.
O secretário nacional de portos e transportes aquaviários, do Ministério dos Portos e Aeroportos, Alex de Ávila, ressaltou que até 50% da produção poderá ser transportada pelos portos do Arco Norte até o fim dessa década. "Para contribuir com a ampliação da capacidade dos portos, o ministério tem uma ampla carteira de investimentos com no mínimo 35 novas oportunidades para o mercado de 2024 a 2026, sendo muitas delas voltadas a atender o agronegócio e ao segmento de granéis de fertilizantes, diversificar e contemplar toda costa brasileira", afirmou. O portfólio de investimentos do Ministério prevê R$ 8 bilhões em aportes neste ano, R$ 4,9 bilhões no próximo ano e R$ 1,6 bilhão em 2026 entre investimentos privados, leilões, arrendamentos e parcerias público privadas.
O superintendente de regulação substituto da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), José Gonçalves Pereira Neto, ressaltou que a movimentação de cargas por hidrovias aumentou 6,9% em 2023, para 1,303 bilhão de toneladas. "O que, mais uma vez mostrou que o choque de oferta favoreceu o setor portuário e o escoamento da safra", observou.