Por Maximilian Heath
BUENOS AIRES (Reuters) - Os compradores internacionais de milho da Argentina poderão castigar o país sul-americano com menos aquisições e preços mais baixos devido à incerteza gerada pela recente suspensão de exportações do cereal anunciada pelo governo argentino, disseram empresas agroexportadoras nesta terça-feira.
O governo do peronista Alberto Fernández suspendeu temporariamente na semana passada o registro de novas exportações de milho com data de embarque até fevereiro, com o objetivo de assegurar o abastecimento doméstico do cereal, em uma decisão inesperada que gerou mal-estar em toda a cadeia agrícola local.
A decisão "introduz uma variável de incerteza nos compradores de outros países, que podem castigar nas compras e nos preços da origem argentina", disse em comunicado o Centro de Exportadores de Cereais (CEC), acrescentando que o governo não o consultou a respeito da medida.
A Argentina é a terceira maior exportadora de milho do mundo. Segundo dados oficiais, entre janeiro e novembro de 2020 o país embarcou 36 milhões de toneladas do grão, com receitas de 5,843 bilhões de dólares.
O CEC, que reúne agroexportadores como Cargill e Bunge na Argentina, disse que a medida poderia gerar o efeito contrário do que busca o governo argentino: uma retração na venda dos estoques por parte de agricultores e uma diminuição no plantio do cereal na temporada 2021/21.
As empresas pediram para o governo "retroceder a medida, convocar as entidades setoriais da cadeia do milho e buscar uma solução que devolva a seu mercado nacional a transparência que caracteriza a comercialização de todos os grãos".
As associações que representam as cadeias produtivas de milho, soja e trigo --as principais culturas da Argentina-- também disseram que a medida do governo prejudica a confiança no país como fornecedor global de alimentos.
"Esses tipos de ações minam fortemente a confiança e conduzem à retirada imediata dos investimentos, tanto os de curto prazo, como pode ser o plano de semeadura e do pacote tecnológico a ser aplicado, como também os de longo prazo", afirmaram as associações Maizar, Acsoja e Argentrigo em comunicado conjunto.