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Desmatamento zero no Brasil requer remuneração ao dono da terra, diz Geller

Publicado 17.11.2022, 17:47
© Reuters. Desmatamento de floresta na fronteira entre a Amazônia e o Cerrado, no Brasil. REUTERS/Amanda Perobelli
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Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - O desmatamento zero faz parte do plano do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas o produtor rural que tem direito legal de desflorestar uma parcela da propriedade precisa ser remunerado se mantiver a floresta em pé naquela área, disse um dos integrantes do grupo de agricultura na equipe de transição.

Em entrevista à CNN Brasil, o ex-ministro da Agricultura Neri Geller, um dos cotados para liderar a pasta agropecuária no futuro governo, condicionou um "desmatamento zero completamente" à remuneração do agricultor que abrir mão de seu direito de desflorestar o percentual autorizado na lei, que varia dependendo da região.

"Essa é uma pauta que conversamos com o presidente Lula na formulação inclusive do plano de governo, para que a gente vá nessa linha", disse ele.

O desmatamento zero é um tema que causa desconforto entre agricultores, especialmente em áreas de fronteiras agrícolas, já que muitos defendem o direito de utilizar a terra dentro do que a lei prevê.

Em propriedades na região amazônica, por exemplo, uma fazenda precisa ter 80% de reserva legal, com cobertura vegetal nativa, enquanto o restante pode ser utilizado pelo produtor rural.

Na Amazônia, as principais tradings e processadoras do agronegócio já não compram grãos cultivados em áreas desmatadas após julho de 2008, mesmo que o desflorestamento tenha sido legal.

Mais recentemente, as tradings globais compradoras de grãos estão sinalizando políticas ambientais mais rigorosas, pressionadas por consumidores que não querem comprar produtos ligados ao desmatamento.

Geller não deu detalhes na entrevista sobre como seria feito o pagamento ao produtor que preservar a mata além da reserva legal, citando que quem tem o direito de abrir 20% da mata de uma propriedade rural, por exemplo, precisa ser pago pelos serviços ambientais prestados se decidir conservar essa parcela.

"Nós podemos e vamos avançar muito, o presidente Lula tem essa vocação de dialogar com todos os setores da sociedade, e o agronegócio... tem a vocação de ajudar na economia do país, ajudar os governos e principalmente na geração de emprego e renda", comentou.

Geller, que enfrentou oposição de produtores da associação Aprosoja, de Mato Grosso, onde o presidente Jair Bolsonaro obteve grande parte da preferência dos eleitores, disse acreditar em uma pacificação do setor, a partir do momento em que o presidente Lula assuma o cargo.

© Reuters. Desmatamento de floresta na fronteira entre a Amazônia e o Cerrado, no Brasil. REUTERS/Amanda Perobelli

"A grande maioria do setor, representado pela OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), por exemplo, entidades como Abrapa (de produtores de algodão), ABPA (de carne suína e de aves), Abiec (de carne bovina), os arrozeiros do Rio Grande do Sul... já estão começando a se aproximar, a sentar na mesa para discutir políticas públicas para ajudar o setor", disse ele.

"Isso vai ser pacificado muito rapidamente... a partir do momento em que o presidente Lula começar a governar, com certeza vai ser pacificado e vai se ter muitos avanços".

 

(Por Roberto Samora)

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