Por Steven Grattan
SÃO PAULO (Reuters) - As emissões brasileiras de gases causadores do efeito estufa cresceram mais de 12% em 2021, em grande parte devido ao aumento do desmatamento na floresta amazônica sob o governo do presidente Jair Bolsonaro, segundo um relatório divulgado nesta terça-feira.
Os dados chegam no momento em que ambientalistas, investidores sustentáveis e muitos líderes mundiais elogiaram a vitória na eleição presidencial de domingo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu proteger a maior floresta tropical do mundo e combater as mudanças climáticas.
O volume de gases-estufa emitidos pelo Brasil no ano passado foi o maior desde 2005, de acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), uma iniciativa do grupo de defesa ambiental Observatório do Clima.
Os dados mostram que no ano passado o país emitiu 2,42 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e), acima dos 2,16 bilhões de toneladas em 2020.
O Brasil, apesar de ter uma rede elétrica relativamente limpa dependente de energia renovável e hidrelétrica, é o quinto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, principalmente por causa do desmatamento, da agropecuária e outros usos da terra.
O país abriga 60% da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo e que absorve grandes quantidades do dióxido de carbono causador do aquecimento climático que é liberado quando a floresta é destruída.
Bolsonaro reverteu medidas de proteção ambiental e incentivou mais agricultura, mineração e obras de infraestrutura na Amazônia, levando o desmatamento a atingir o maior nível em 15 anos.
“Nós temos um governo que abandonou, negou, a agenda do clima, e que fez tudo o que podia para destruir a gestão ambiental do nosso país, especialmente a Amazônia”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, em uma apresentação online.
O Palácio do Planalto não respondeu a um pedido de comentário.
O setor de energia também contribuiu para o aumento, com o consumo voltando a níveis mais altos após cair durante a pandemia.
O relatório coloca o Brasil fora do caminho para cumprir suas metas climáticas de 2025 e 2030, no momento em que o mundo discutirá os compromissos climáticos na cúpula COP27, da Organização das Nações Unidas (ONU), no Egito, na próxima semana.
Lula planeja enviar representantes para a reunião, apesar de Bolsonaro continuar como presidente até 1º de janeiro.