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ENFOQUE-Carne bovina ajuda e Brasil consegue elevar exportação de proteínas em ano tumultuado

Publicado 14.12.2017, 18:52
© Reuters. Gado é visto em propriedade em Paulínia, Brasil
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Por José Roberto Gomes

SÃO PAULO (Reuters) - As exportações brasileiras de carnes devem fechar 2017 em alta ante 2016, com os embarques da proteína bovina compensando as perdas com as vendas de suína e de frango em um ano marcado por problemas políticos, comerciais e sanitários para todo o setor nacional.

Ao todo, o Brasil deverá exportar 6,54 milhões de toneladas de proteínas em 2017, avanço de 0,4 por cento sobre 2016, segundo compilação da Reuters que considera carne in natura e processada, de acordo com dados de associações do setor (ABPA e Abiec).

Em receita, o aumento deverá ser mais expressivo, de 9 por cento, para 15 bilhões de dólares, o que indica preços mais altos em dólar e também forte demanda pelo competitivo produto do maior exportador global de carnes de frango e de boi.

O balanço geral pode ser considerado ainda mais positivo para o segmento se levados em conta os vários problemas enfrentados pela cadeia exportadora ao longo do ano.

A lista de adversidades começa com a operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em março; passa pelas delações de executivos da JBS (SA:JBSS3), que afetaram praticamente todo o mercado; e termina com os embargos de Rússia e Estados Unidos, sem falar das indefinições quanto à cobrança retroativa do Funrural. [nL2N1GX1BQ] [nL1N1NR0X9] [nL1N1JK1X7] [nL1N1OC258]

No caso de bovinos, os números mostram apenas um impacto momentâneo da Carne Fraca, enquanto as indústrias de frango e suínos foram mais afetadas, em um caso que envolveu até mesmo unidade da BRF (SA:BRFS3).

"A Operação Carne Fraca teve muito pouco impacto em conceito de qualidade... Houve retomada imediata das exportações... Ficou constatado que outros players internacionais não conseguiram suprir a oferta de carne brasileira, e os compradores voltaram importando em grandes volumes", disse nesta quinta-feira o presidente da Abiec, Antônio Jorge Camardelli.

Pelos dados da associação, logo após a Carne Fraca as exportações de carne do Brasil caíram para 93,15 mil toneladas, de 125,25 mil toneladas em março. Em maio, contudo, voltaram a subir para 118,35 mil toneladas, continuaram a avançar até um pico de cerca de 150 mil toneladas em agosto e devem fechar 2017 em alta de 9,3 por cento sobre 2016, a 1,53 milhão de toneladas.[nL1N1OE1GP]

Essa expansão nas vendas de carne bovina compensará as quedas esperadas para as de frango e suína neste ano.

Na comparação com 2016, as vendas desses dois últimos devem cair 1,5 e 5,3 por cento, para 4,32 milhões e 690 mil toneladas, respectivamente.[nL1N1OD19Q]

"Os equívocos nas generalizações na divulgação da operação Carne Fraca deixaram, de imediato, marcas profundas no setor produtivo, seja junto ao público brasileiro ou aos mercados internacionais", analisou o presidente da ABPA, Francisco Turra, em nota na quarta-feira.

A associação estimou que o país, que responde por cerca de 40 por cento das exportações globais de frango, poderia ter exportado mais 200 mil toneladas de carnes de frango e de porco, não fosse o impacto da operação Carne Fraca.

ANO QUE VEM

Para 2018, prevalece o otimismo, com todas as categorias de carnes projetando crescimento em meio a um cenário de abertura de novos mercados.

© Reuters. Gado é visto em propriedade em Paulínia, Brasil

A Abiec avalia que os embarques de carne bovina poderão ir a 1,68 milhão de toneladas, alta de 9,8 por cento sobre 2017, com o início de vendas para países como Indonésia e Coreia do Sul, além da retomada de EUA e Rússia.

Já a ABPA não dá um número fechado, mas diz que as exportações de carne de frango podem se elevar de 1 a 3 por cento em volume, com a recuperação dos níveis de embarques para a União Europeia, de importantes mercados do Oriente Médio e da China, país este que deve autorizar mais plantas brasileiras a exportar.

No caso da carne suína, a ABPA projeta expansão de 4 a 5 por cento nas vendas, puxadas pela abertura do mercado peruano e por uma maior demanda da Rússia, que será sede da Copa do Mundo justamente no próximo ano.

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