Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A BR Distribuidora (SA:BRDT3), a maior empresa do setor de distribuição de combustíveis do Brasil, notou alguma recuperação na demanda pela gasolina e etanol distribuídos pela empresa nos últimos dias, mas ainda amarga uma queda de 30% a 35% nas vendas, na comparação com o movimento pré-crise do coronavírus, disse o CEO da companhia nesta segunda-feira.
Logo que as quarentenas se intensificaram no país, a BR chegou a registrar queda de 60% na demanda por esses dois combustíveis, mas uma recente movimentação maior nas cidades teria colaborado para amenizar a redução nos índices de consumo, acrescentou Rafael Grisolia à Reuters, em entrevista por telefone.
"O fato é que a queda inicial de 60% tinha sido bem alta, e nos dois ou três últimos dias verificamos um retorno de aproximadamente 30% desta queda, que estamos inicialmente associando a uma maior movimentação nos centros urbanos, como temos acompanhado pelas notícias", disse ele.
Já a demanda por diesel, que se manteve praticamente estável por uma semana no início da crise, passou a ter queda de cerca de 20% ante os níveis pré-crise, algo que se mantém atualmente.
O executivo da companhia que possui pouco mais de 25% do mercado de todos os combustíveis do Brasil disse ainda que, não fosse o escoamento da safra e as atividades de colheita de grãos do Brasil, a demanda por diesel teria caído mais.
"A nossa leitura é que nas rodovias todo o transporte de cargas... a movimentação de safra está acontecendo, mas o que está afetando é a menor movimentação dos transportes públicos", disse Grisolia, referindo-se ao diesel, o combustível que normalmente é o mais vendido no Brasil e referência para a atividade econômica.
O CEO da distribuidora lembrou que a empresa tem adotado postura de flexibilizar negociações com fornecedores, de gasolina, etanol e biodiesel, e com clientes, para que todos possam conseguir sair desta crise.
Ele reforçou que a BR não executou força maior em contratos, buscando negociar especialmente com produtores de etanol e biodiesel, que dizem estar sofrendo pressão de alguns clientes, em meio à forte queda no consumo.
"Diante da menor demanda, estamos muito sensíveis e soltamos vários pacotes de ajuda aos nossos postos... Adotamos o principio da flexibilidade, achamos que a crise vai passar, mas não temos o 'timing' de quando isso acontecerá", disse ele.
"Em função disso, temos tentado passar para os nossos fornecedores que estamos sem visibilidade de demanda... para manter o sistema equilibrado, para que todos possamos sair da crise juntos", completou ele, ressaltando que a companhia sabe das suas responsabilidades como líder do setor.
O executivo evitou fazer prognósticos sobre o impacto da atual crise para os resultados da companhia.
"Difícil falar de cenários para solução da crise, temos de estar preparados... a permanecer isso, é um impacto muito grande, trabalhamos com hipótese de que a crise não é eterna..."
Grisolia disse ainda que, do quadro de 3.700 funcionários, 68% estão em regime de home office, visando minimizar riscos com a doença. Disse também que a BR foi uma das primeiras empresas a aderir um compromisso de não demissão durante a crise.
A empresa também tem atuado em parceria com a sua rede de postos em ações para ajudar frentistas e caminhoneiros, que incluem até mesmo a distribuição de refeições em locais com restaurantes fechados nas estradas, além da liberação de banheiros para a higiene dos motoristas.
Frentistas da rede também têm recebido equipamentos de proteção ao coronavírus, como máscaras.
(Por Roberto Samora)