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ENTREVISTA-Casa dos Ventos quer vender produção de usinas eólicas a grandes empresas

Publicado 17.07.2018, 09:23
© Reuters. Turbinas eólicas em praia de Fortaleza, Ceará

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - A desenvolvedora de projetos de geração eólica Casa dos Ventos aposta na demanda de grandes empresas no Brasil por energia limpa para viabilizar seus próximos empreendimentos, disse à Reuters um diretor da companhia em entrevista.

A empresa, que recentemente vendeu um parque já em operação para uma joint venture entre a Votorantim e a canadense CPPIB, avalia que a forte redução no preço de venda da produção de usinas eólicas nos últimos anos tornou a fonte atrativa para investidores que querem assegurar energia competitiva e ao mesmo tempo mostrar preocupação com a sustentabilidade.

De olho nesse potencial, a Casa dos Ventos agendou para 10 de agosto um leilão que buscará negociar a produção futura de um grupo de projetos que a empresa pretende construir nos próximos anos, em contratos de até uma década de duração.

O público alvo da licitação são empresas e indústrias que atuam no chamado mercado livre de eletricidade, em que consumidores de grande porte podem negociar os próprios contratos de suprimento de energia com geradores ou comercializadoras.

"Grandes grupos industriais de siderurgia, mineração, que têm energia como despesa relevante, estão nessa linha de frente de querer otimizar o custo da energia. E além da economia com custo, eles têm a finalidade de associar a marca deles à sustentabilidade. Ter a energia suprida por fontes renováveis é algo que elas enxergam como tendo um valor", disse o diretor de Novos Negócios da Casa dos Ventos, Lucas Araripe.

Os contratos oferecidos aos compradores no leilão da empresa partirão de uma duração mínima de dois anos e meio, com início em julho de 2020, até um máximo de 10 anos, com início em janeiro de 2021 ou janeiro de 2023.

Segundo Araripe, o volume em projetos a ser efetivamente construído pela Casa dos Ventos para atender os compradores dependerá do resultado da licitação.

A expectativa da empresa é que a negociação direta com os consumidores e o prazo razoavelmente curto para a entrega da energia vendida em seu leilão permitam a negociação com valores mais atraentes que os vistos nos últimos leilões oficiais realizados pelo governo para novos projetos de geração.

Dois leilões realizados pelo governo em dezembro e um em abril deste ano registraram os menores preços já vistos na história do país para a venda da produção futura de usinas eólicas, devido ao grande interesse de investidores por construir empreendimentos de geração limpa no Brasil.

Mas a Casa dos Ventos não descarta posteriormente inscrever os projetos viabilizados por meio de seu leilão para os próximos certames do governo, incluindo um agendado para agosto, que contratará usinas para entrega em 2024.

Essa estratégia permitiria à empresa ser mais agressiva nos leilões oficiais, uma vez que parte da energia já estaria vendida a preços mais favoráveis e com entrega em prazo curto, o que favoreceria a conclusão antecipada dos empreendimentos, que aumenta o faturamento.

O movimento da Casa dos Ventos, inclusive, não deverá demorar para ser seguido por outros investidores, disse Araripe, que vê grande demanda de indústrias e empresas por energia limpa.

"A gente acredita que essa seja uma tendência... Até porque esses leilões regulados mostraram o quão competitiva pode ser a energia eólica e incentivaram os consumidores a buscar projetos eólicos", explicou.

Ele afirmou ainda que a Casa dos Ventos está em contato com diversos possíveis compradores para seu leilão, o que inclui a realização de visitas e teleconferências junto a interessados.

A Casa dos Ventos já desenvolveu cerca de 5,5 gigawatts em projetos eólicos que conseguiram vender a energia em leilões do governo ou no mercado livre e foram vendidos a terceiros.

© Reuters. Turbinas eólicas em praia de Fortaleza, Ceará

As negociações incluíram a venda, no final do ano passado, de um parque em operação no Nordeste com 360 megawatts comprado por uma joint venture entre a Votorantim e a canadense CPPIB.

(Por Luciano Costa)

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