Por Philip Pullella e Paul Lorgerie
KINSHASA (Reuters) - O papa Francisco pediu nesta quinta-feira aos jovens na República Democrática do Congo que construam um novo futuro sem a rivalidade étnica, a corrupção e a desconfiança que têm alimentado tantos conflitos sangrentos na África.
Dirigindo-se a mais de 65.000 jovens no Estádio dos Mártires, Francisco falou sobre perdão e reconciliação, temas que dominaram sua visita ao Congo, onde o conflito armado matou e deslocou milhões de pessoas nas últimas décadas.
Mas o discurso de quinta-feira, focado no que ele chamou de "ingredientes para o futuro", atingiu um tom mais esperançoso do que os anteriores, ao falar de potenciais novos horizontes para o Congo, em vez de seu passado e presente sangrentos.
O discurso foi interrompido com bastante frequência por aplausos e saudações, e, a certa altura, um organizador pegou um microfone e gritou "deixem o papa falar".
"Cuidado com a tentação de apontar o dedo para alguém, de excluir outra pessoa porque ela é diferente; cuidado com regionalismo, tribalismo ou qualquer coisa que faça você se sentir seguro em seu próprio grupo", disse ele.
"Você sabe o que acontece: primeiro você acredita em preconceitos sobre os outros, depois justifica o ódio, depois a violência e, no final, você se encontra no meio de uma guerra", afirmou.
O Congo tem alguns dos depósitos minerais mais ricos do mundo, mas seus recursos abundantes têm alimentado conflitos entre grupos étnicos, milícias, tropas do governo e invasores estrangeiros.
O leste do Congo também foi atormentado pela violência ligada às longas e complexas consequências do genocídio de 1994 na vizinha Ruanda.
"Para criar um novo futuro, precisamos dar e receber perdão. Isso é o que os cristãos fazem", disse o papa.