Exclusivo: Irã tira proveito do acordo de corte da Opep para vender milhões de barris - afirmam fontes

Publicado 10.01.2017, 10:29
© Reuters.  Uma chama de gás de uma plataforma de produção de petróleo nos campos de petróleo de Soroush é vista
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Por Jonathan Saul

LONDRES (Reuters) - O Irã vendeu mais de 13 milhões de barris de petróleo que vinha armazenando há muito tempo em petroleiros no mar, tirando vantagem do acordo de corte de produção da Opep, do qual é isento, para reconquistar uma fatia do mercado e cortejar novos compradores, de acordo com dados de fontes que acompanham a indústria.

Nos últimos três meses, Tehran vendeu quase a metade do petróleo que mantinha em estoques em alto-mar, que vinham ocupando a maioria dos seus petroleiros devido à dificuldade de se desfazer do estoque em um mercado global com excesso de oferta.

A quantidade de petróleo iraniano no mar caiu de 29,6 milhões de barris, no início de outubro, para 16,4 milhões, de acordo com os dados de fluxo de petróleo da Thomson Reuters. Antes desta redução acentuada, o nível quase não havia se alterado em 2016. No início do ano passado, a quantidade era de 29,7 milhões de barris, mostraram os dados.

Barris não vendidos agora ocupam de 12 a 14 petroleiros iranianos, de uma frota de aproximadamente 60 embarcações. No início do verão, 30 embarcações estavam ocupadas, de acordo com duas fontes que acompanham os petroleiros.

O petróleo vendido nos últimos meses foi para compradores na Ásia, incluindo a China, a Índia e a Coréia do Sul e para países europeus, incluindo Itália e França. Não está claro quais empresas compraram o petróleo.

O Irã também quer usar a oportunidade para entrar em novos mercados na Europa, incluindo nos países bálticos e em outros países da Europa central e do leste europeu, afirmaram outras fontes que acompanham a indústria do petróleo, apesar de não estar claro se algum petróleo foi vendido nesses locais.

A estatal National Iranian Oil Company (NIOC) não comentou o assunto. O grupo de petroleiros NITC, que cuida de grande parte da frota do país, também não comentou.

Tehran saiu vitoriosa ao ser isenta do acordo de corte de produção de 1,2 milhão de barris por dia, durante seis meses, firmado pela Opep em novembro, um acordo que visa a corrigir o excesso de oferta global e a aumentar os preços do petróleo, que vêm apresentando queda.

O país argumentou com sucesso que não deveria ser obrigado a limitar sua produção, que estava começando a se recuperar lentamente após sofrer sanções internacionais em janeiro do ano passado.

Apesar de o acordo só começar a vigorar no início de 2017, fontes afirmam que Tehran já estava oferecendo descontos agressivos, no intuito de persuadir compradores do mundo a fazer estoque para o inverno em antecipação ao corte da Opep.

O Irã não tem muitas instalações em terra para estocar seu petróleo e, para que o país possa continuar extraindo, ele conta com sua frota de petroleiros para armazenar o excesso de estoque até que encontre compradores. As fontes que acompanham os petroleiros afirmaram que não estava claro quanto do petróleo armazenado no mar era condensado, um petróleo bruto bem menos denso.

Em outro sinal de aumento das atividades, a SHANA, agência de notícias do ministério de petróleo iraniano, relatou, no fim de dezembro, que o número de petroleiros capazes de atracar no principal terminal, Kharg Island, havia chegado a 10 embarcações simultaneamente, um recorde atingido em 2016.

"O Irã conseguiu o que queria com a Opep e os sauditas concordaram em não limitar suas capacidades. O Irã continuará tentando exportar o máximo possível em meio à demanda de inverno (globalmente)", afirmou Mehdi Varzi, um ex-oficial da NIOC que é agora um consultor global independente da indústria petrolífera.

"Esta é uma política comercial para tentar se livrar do máximo de petróleo armazenado em petroleiros que eles puderem, já que armazenar petróleo no mar é muito caro".

Muitas seguradoras de navios estrangeiros continuaram acobertando embarcações iranianas nos últimos meses, o que vem dando ao Irã mais liberdade para utilizar seus petroleiros para fazer entregas ou transferências de navio para navio em vez de entregar os barris nos estoques.

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