Por Leonardo Goy
BRASÍLIA (Reuters) - É "praticamente certo" que o governo federal terá que adiar novamente a data de liquidação das operações das distribuidoras no mercado de curto prazo de energia relativas a maio e não cobertas pela tarifa, que está prevista para 31 de julho, disse à Reuters nesta quinta-feira uma fonte do governo a par do assunto.
Com isso, o governo ganharia mais tempo para fechar a operação de empréstimo adicional de cerca de 6,5 bilhões de reais para socorrer o setor.
"É praticamente certo que o prazo seja adiado para o começo de agosto, devido à complexidade da operação", disse a fonte, que falou sob condição de anonimato.
O governo está negociando com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e um grupo de bancos um novo empréstimo para ajudar a cobrir os gastos das distribuidoras com a compra de energia no mercado de curto prazo.
Para evitar que as empresas tenham problemas em seus caixas, a ideia é viabilizar o empréstimo antes da liquidação do mercado referente a maio, de cerca de 1,3 bilhão de reais, que já havia sido adiada anteriormente --de 11 de julho para o dia 31 deste mês.
Segundo a fonte, porém, o fechamento da operação de empréstimo é complexo, exigindo, por exemplo, a aprovação dos conselhos dos bancos.
A tendência, disse a fonte, é que a liquidação das operações de maio acabe ocorrendo na mesma data da liquidação do mercado de energia de curto prazo de junho, prevista para 7 de agosto.
Na terça-feira, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, disse que a expectativa era de que anúncio do novo empréstimo às distribuidoras seja feito até o fim do mês. Ele afirmou que se não houver uma solução até essa data, seria possível adiar novamente o prazo da liquidação referente a maio.
Em abril, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) assinou um empréstimo de 11,2 bilhões de reais junto a um pool de 10 bancos para repassar o dinheiro às distribuidoras, que estão com o caixa penalizado pela compra da cara energia de térmicas diante do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas.
Esse dinheiro, que deveria cobrir as despesas adicionais até o fim ano, terminou em junho, quando foram liquidados os contratos de curto prazo de energia de abril.