SÃO PAULO (Reuters) - As exportações totais de café do Brasil atingiram 2,826 milhões de sacas de 60 kg em julho, queda de 12,8% ante o mesmo mês do ano passado, impactadas pela continuidade de entraves logísticos no transporte marítimo global, informou o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) nesta terça-feira.
De acordo com a entidade, foram embarcados 2,512 milhões de sacas de café verde no mês passado, queda de 12,4% no ano a ano. O volume foi composto por 2,11 milhões de sacas da variedade arábica, recuo de 12,7% ante o ano anterior, e 399,6 mil sacas de café robusta, baixa de 10,8%.
Já a receita obtida com as exportações da commodity em julho avançou 5,6% na comparação anual, para 402,7 milhões de dólares, disse o Cecafé.
Os entraves logísticos que afetam os volumes embarcados --e que já vinham sendo verificados em meses anteriores-- incluem o encarecimento de fretes, o cancelamento de "bookings" e a disputa por contêineres e espaço nos navios, segundo a entidade.
"O café brasileiro segue em disputa para conquistar espaço nos navios e ser embarcado no momento correto. Os atrasos que têm ocorrido geram desgaste operacional sem precedentes aos exportadores", disse em nota o presidente do Cecafé, Nicolas Rueda.
Ele vê uma sobrecarga financeira no setor derivada da falta de fluxo de caixa planejado para esse cenário, descrito como inimaginável.
"É válido recordar que isso ocorre simultaneamente a uma realidade de mercado na qual os preços chegam aos mais altos patamares registrados nos últimos anos e a colheita da safra brasileira gira em torno de 80%", acrescentou Rueda.
Ainda assim, no acumulado de 2021 as remessas de café do Brasil ao exterior apresentam avanço de 2,2% em relação aos sete primeiros meses de 2020, a 23,737 milhões de sacas. O mês de julho foi o primeiro da temporada 2021/22.
Segundo Rueda, o número positivo visto entre janeiro e julho reflete um bom trabalho comercial e logístico dos exportadores brasileiros mesmo diante dos gargalos enfrentados, além da safra recorde colhida no ano passado.
A receita cambial com os embarques de café nos sete primeiros meses do ano somou 3,203 bilhões de dólares, alta de 7% na comparação anual.
Em 2021, os Estados Unidos permanecem como os maiores importadores dos cafés brasileiros, tendo adquirido até o momento 4,512 milhões de sacas, avanço de 4,5% frente a 2020, disse o Cecafé.
Na sequência aparecem Alemanha, com 4,178 milhões de sacas (+5,5%); Bélgica, com 1,694 milhão de sacas (+1,1%); Itália, com 1,681 milhão de sacas (-9,5%); e Japão, com 1,339 milhão de sacas (+12,8%).
(Por Gabriel Araujo)