SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil, maior exportador mundial de café, exportou 3,35 milhões de sacas de 60 kg de café verde para o exterior em agosto, aumento de 33,3% em relação ao mesmo mês do ano anterior, com impulso de um recorde mensal de embarques da variedade canéfora (robusta/conilon), informou o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) nesta quarta-feira.
As exportações de café robusta/conilon dispararam 443%, para 698.856 sacas, enquanto os embarques da variedade arábica cresceram 11,2% em relação ao ano anterior, atingindo 2,65 milhões de sacas.
O robusta/conilon registou o seu nível mais elevado num único mês, disse o Cecafé, à medida que a procura disparou devido à diminuição da produção em países concorrentes como o Vietnã e a Indonésia.
No total, incluindo o produto industrializado, o Brasil embarcou 3,67 milhões de sacas, um aumento de 29,4% em relação ao ano anterior.
Em receita cambial, o avanço foi de 7,5%, para 723,8 milhões de dólares, segundo o Cecafé.
Segundo o presidente do Cecafé, Marcio Ferreira, os cafés canéforas brasileiros permanecem mais competitivos e extremamente demandados, uma vez que outras importantes origens produtoras têm enfrentado adversidades climáticas e queda na produção.
"Esse cenário tem sido muito favorável ao produtor do Brasil...", disse Ferreira, lembrando que o preço do robusta na bolsa de Londres vem se mantendo estável nos últimos meses, após uma alta de 40% desde o final do ano passado.
Com uma recuperação significativa na safra 2023 de arábica no Brasil, ele acrescentou que se observa uma redução no percentual de canéforas nos "blends" no consumo brasileiro, o que aumenta a disponibilidade dessa variedade para o mercado internacional, também favorecendo uma maior competitividade.
Ferreira afirmou também que, com colheita do arábica sendo finalizada, confirma-se um aumento nos volumes recebidos nos armazéns.
"Com uma disponibilidade superior a 2021 e 2022, o fluxo de cafés comercializados aumentou significativamente, tanto para entrega futura, quanto para novos negócios, o que pressionou a Bolsa de NY nos últimos meses", disse.
"Como a qualidade reportada é muito boa e, embora o trade venha experimentando, no geral, diferenciais mais apertados contra a plataforma nova-iorquina, o Brasil recupera participação nas exportações de arábica, registrando volumes superiores aos observados nos últimos meses do primeiro semestre, ou seja, no final da safra 2022/23", acrescentou.
No acumulado de janeiro ao fim de agosto deste ano, contudo, o Brasil exportou 22,904 milhões de sacas ao exterior, montante ainda 9,7% aquém do que o registrado nos oito primeiros meses de 2022.
Em receita cambial, a queda é de 17,3%, com os ingressos recuando de 5,926 bilhões de dólares no ano passado para os atuais 4,903 bilhões de dólares, o que reflete a redução das cotações no mercado.
Nos oito primeiros meses de 2023, os Estados Unidos seguem como principais importadores dos cafés do Brasil, com a aquisição de 3,885 milhões de sacas, volume 26,6% inferior ao registrado no mesmo ciclo de 2022.
Mas o Cecafé destacou o avanço substancial registrado nos embarques para a China, que importou 602 mil sacas nos oito primeiros meses de 2023, saltando para o nono lugar no ranking de importadores, com alta de 146,5% as aquisições do produto nacional.
"O mercado chinês vem crescendo ao longo dos anos e o Brasil, por meio de ações que encampamos, vem ocupando espaços", disse Ferreira.
NOVA SAFRA
O presidente do Cecafé reitera que as perspectivas são positivas para os embarques do país continuarem avançando, uma vez que foram observadas floradas importantes no parque cafeeiro, mais recentemente no arábica e, anteriormente, nos canéforas.
"Caso tenhamos condições climáticas adequadas daqui à próxima colheita, o Brasil tem plenas condições de retomar, a partir da temporada 2024/25, volumes próximos aos verificados em 2020", projetou.
(Por Roberto Samora)