SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de café verde do Brasil em fevereiro somou 2,11 milhões de sacas de 60 kg, queda de 35,8% ante o mesmo mês de 2022, com uma oferta mais escassa na entressafra e produtores segurando vendas diante de preços inferiores aos vistos nos melhores momentos do ano passado, informou o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) nesta quinta-feira.
Considerando a exportação de café arábica, o total chegou a 2,027 milhões de sacas, baixa de 35,5% ante o mesmo mês de 2022, enquanto os embarques de grãos canéforas somaram apenas 83,36 mil sacas, queda de 42,1% na mesma comparação.
Segundo o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, a baixa nos embarques se justifica pelo período de entressafra, após duas colheitas menores, impactadas por adversidades climáticas em importantes regiões produtoras.
"Quanto mais longe de uma safra alta, como a de 2020, que foi recorde, menos café remanescente temos, impactando na oferta", disse Ferreira, em nota.
Ele disse que apesar de uma recuperação nos preços na bolsa de Nova York, o café está bem aquém dos picos registrados em setembro, limitando vendas.
Para o presidente do Cecafé, no cenário atual as cotações ainda não são atrativas para o produtor negociar seu estoque, "que não é tão grande em função das colheitas menores em 2021 e 2022, daí a retração que observamos".
Ele ressaltou que o preço praticado do café arábica no Brasil está acima da cotação da Bolsa de Nova York e, por consequência, o volume negociado no Brasil é menor do que o fluxo normal.
"Esse cenário faz com que os clientes internacionais busquem café no spot --à vista no exterior--, que corresponde ao preço da bolsa, ou até mesmo com desconto, dependendo da qualidade do produto em relação aos padrões da plataforma nova-iorquina", explicou.
Ferreira observou também o mercado nacional tem demandado de forma crescente cafés canéforas, limitando os embarques de grãos robusta ou conilon.
"Com o spot lá fora mais atrativo do que nosso arábica FOB e os conilon e robusta majoritariamente direcionados às indústrias internas, o Brasil perde competitividade nas exportações das duas variedades", disse.
"Esse é um comportamento que, possivelmente, seguiremos vendo até a entrada da safra 2023, mais especificamente do arábica, entre junho e julho, quando deveremos ter uma retomada dos embarques."
Segundo dados do relatório estatístico mensal do Cecafé, os embarques totais do produto em fevereiro totalizaram 2,396 milhões de sacas de 60 kg, gerando uma receita cambial de 505,9 milhões de dólares.
O desempenho implica quedas de 33,3% em volume e de 38,5% em faturamento na comparação com o segundo mês do ano passado, à medida que o preço médio da saca, de 211,13 dólares, recua 7,9% em mesmo intervalo.
Em janeiro e fevereiro deste ano, as remessas brasileiras de café ao exterior apresentam declínio de 25,4%, para 5,226 milhões de sacas.
(Por Roberto Samora, com reportagem adicional de Nayara Figueiredo)