SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - As exportações de carne bovina in natura pelo Brasil cresceram em volumes e valores em junho deste ano na comparação com maio e em relação ao mesmo mês do ano passado, em um período em que a imagem do produto brasileiro foi abalada pela suspensão das vendas brasileiras para os Estados Unidos.
Os EUA suspenderam os embarques do produto brasileiro no dia 22 de junho, alegando problemas sanitários. Ainda que as exportações para aquele país tenham ficado abertas na maior parte do mês, as vendas de carne in natura aos EUA ao final do período caíram para 10,4 milhões de dólares, ante 19 milhões de dólares em maio, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados nesta segunda-feira.
Os negócios do produto in natura com os EUA, que só começaram no segundo semestre do ano passado, ainda representam um percentual pequeno em relação ao total que o Brasil exporta, com a suspensão ao produto nacional pelos norte-americanos tendo muito mais impacto na imagem do que financeiro para a indústria.
Ao todo, o Brasil exportou para todos países em junho o equivalente a 422,3 milhões de dólares de carne in natura, ante 382,8 milhões de dólares em maio e 379,6 milhões em junho de 2016, segundo a Secex.
Os embarques totais do Brasil totalizaram 100,2 mil toneladas em junho, aumento de 10,8 por cento na comparação com os 90,4 mil toneladas de maio e de 3,7 por cento frente os 96,6 mil toneladas de igual mês do ano passado.
O valor médio apurado em junho com os embarques foi de 4.214 dólares por tonelada de carne bovina in natura, contra 4.235,5 dólares em maio e 3.929,2 dólares em junho do ano passado.
Questionado sobre o impacto da suspensão dos EUA, o diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exportação do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Herlon Brandão, evitou comentar o assunto.
Ele lembrou que uma missão do governo brasileiro deve ir aos EUA em julho para apresentar explicações aos norte-americanos e tentar reverter a suspensão.
"Eu não tenho detalhes, mas isso vai ser negociado", afirmou ele a jornalistas.
O Brasil é o maior exportador global de carne bovina.
AÇÚCAR
As exportações de açúcar bruto pelo Brasil, também o maior exportador global, dispararam em junho para 2,63 milhões de toneladas. O volume é 32,6 por cento maior na comparação com maio e 13,4 por cento superior em relação a junho de 2016.
O período coincide com o pico de safra no centro-sul do Brasil, região que responde por 90 por cento de toda a produção nacional da commodity.
GRÃOS
De acordo com a Secex, as exportações de soja estão se desacelerando após recordes em alguns meses no primeiro semestre.
Em junho, foram embarcados 9,2 milhões de toneladas da oleaginosa, ante quase 11 milhões em maio.
A quantidade, porém, ainda supera os 7,76 milhões de igual momento do ano passado, refletindo a safra robusta deste ano.
Em contrapartida, as exportações de milho, cuja segunda safra está em fase de colheita, começam a deslanchar.
Em junho, o Brasil embarcou 563,2 mil toneladas de milho, ante 310 mil toneladas em maio. Há um ano, foram 19,3 mil toneladas.
(Por José Roberto Gomes e César Raizer)