Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de carne bovina do Brasil para a China, destino de mais da metade dos embarques brasileiros no mês passado, aumentaram 16,5% em maio na comparação com o mesmo período de 2022, para 112,3 mil toneladas, e mais que dobraram ante abril, apontou a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) nesta sexta-feira.
Apesar disso, os embarques do maior exportador global de carne bovina ao país asiático registram ainda uma queda de 13,3% no acumulado dos primeiros cinco meses do ano, para 381,4 mil toneladas, com impacto de um embargo temporário que vigorou durante cerca de 30 dias, entre fevereiro e março, por conta de um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB).
Ainda que o embargo já tivesse sido suspenso em abril, a movimentação para a China no quarto mês do ano também se mostrou relativamente pequena, somando cerca de 41 mil toneladas, reflexo de uma lenta recuperação após a suspensão.
O aumento dos embarques em maio ocorreu apesar de incertezas sobre a entrada no país asiático de cargas que tinham sido certificadas para exportação à China antes do embargo em 23 de fevereiro. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta semana ter telefonado ao seu colega chinês, Xi Jinping, em uma tentativa de resolver a situação.
O volume parado nos portos da China chegaria a aproximadamente 70 mil toneladas, segundo Lula. Não havia até esta sexta-feira notícias de uma solução ao impasse, uma vez que brasileiros argumentam que a carne certificada antes do embargo não poderia ser embargada.
Novas exportações -- realizadas após a suspensão do embargo --, em tese, não teriam empecilhos.
Assim, a exportação total do Brasil de carne bovina em maio somou 200.849 toneladas, frente a 180.387 toneladas ao mesmo mês de 2022, com impulso principalmente dos embarques para a China.
Mas o preço do produto exportado caiu mais de 20% no mês passado, impactando o faturamento, que recuou para 965,2 milhões de dólares.
No acumulado do ano, as exportações totais proporcionaram uma receita de 3,85 bilhões de dólares, para uma movimentação de 840.419 toneladas, com quedas de 24% na receita e de 8% no volume em relação ao mesmo período do ano passado, com impacto dos negócios com a China.
Os Estados Unidos continuam em segundo lugar na lista dos 20 maiores clientes da carne bovina do Brasil. Nos primeiros cinco meses do ano, os norte-americanos compraram 93.307 toneladas, alta de 3% na comparação anual.
(Por Roberto Samora)