Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de soja do Brasil em abril tem potencial de superar o mesmo mês do ano passado, quando o país registrou uma máxima histórica de embarques para todos os meses, com estoques já regularizados nos portos e a forte demanda da China e de países europeus pelo produto brasileiro, de acordo com a programação de navios e um especialista.
Há no "line-up" para abril, segundo a agência marítima Cargonave, cerca de 250 navios programados para embarcar soja, ante aproximadamente 190 embarcações previstas nesta época do ano passado para o mesmo mês, quando o país teve exportações recordes de 14,85 milhões de toneladas, conforme dados do governo.
No início de março, a programação também apontava 250 navios alinhados para embarcar soja brasileira no mês passado, que acabou fechando com embarques de 13,5 milhões de toneladas, de acordo com dados publicados nesta quinta-feira pelo governo.
Considerando que cada navio carrega, em geral, entre 60 mil e 65 mil toneladas de soja --o que daria um volume de ao menos 15 milhões de toneladas para março--, é provável que parte do "line-up" do mês passado tenha ficado para abril, com o setor correndo para tirar o atraso da colheita e chuvas interrompendo embarques em alguns períodos.
"Normalmente abril exporta mais que março, pois já entramos em ritmo pleno de exportação, com armazéns cheios no porto", disse o especialista em Commodites da Refinitiv Anderson Nacaxe.
Ele lembrou que o país teve os mais baixos volumes de exportação já vistos para dezembro e janeiro, devido a estoques mínimos na entressafra e com o atraso na colheita, cujo ritmo avançou mais fortemente só em março e agora já está dentro da média histórica.
"O problema foi a chuva na colheita, e quando o tempo firmou as máquinas puderam entrar no campo, e então tivemos retomada rápida, com esse volume chegando rápido ao porto", comentou ele, lembrando que o total exportado em março representa o maior já visto para este mês.
Segundo ele, a demanda chinesa aumentou e está "impressionante", o que explica os grandes volumes previstos nesta época de pico de exportações de soja do Brasil, maior produtor e exportador global da oleaginosa.
Ele disse ainda que a Europa "tem sido forte como destino também", com a logística de exportação pelo Norte e o câmbio deixando o Brasil "muito competitivo".
Consultorias estimaram nesta quinta-feira uma safra recorde para o Brasil neste ano, entre 134 milhões e 135,5 milhões de toneladas.
A StoneX projeta para o ano todo exportações de 82 milhões de toneladas, versus 82,97 milhões no ano anterior.
(Com reportagem adicional de Gabriel Araujo)