Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) - A safra de café na área da Cooxupé, a maior cooperativa de cafeicultores do Brasil, deve atingir cerca de 8,3 milhões de sacas de 60 quilos na temporada de 2023, um avanço em relação aos 6,43 milhões produzidos no ano passado, estimou nesta sexta-feira o presidente, Carlos Augusto Rodrigues de Melo.
Com isso, o executivo afirmou a jornalistas em videoconferência que espera que o recebimento de café pela cooperativa aumente 1 milhão de sacas, para 6 milhões.
Em 2022, a Cooxupé registrou recebimento de 5 milhões de sacas de café vindas de cooperados e de terceiros. Somente de seus produtores associados, a cooperativa recebeu 3,6 milhões de sacas, em grãos da variedade arábica cultivados no Sul e Cerrado de Minas Gerais, na média mogiana de São Paulo e nas Matas de Minas.
Melo admitiu que 2022 foi um dos anos em que menos ingressou café na cooperativa, diante de colheitas menores e cafeicultores também mais cautelosos na comercialização.
"Esse foi um ano de dificuldade e ainda assim permanece porque o produtor está resistente na venda do café e a cooperativa precisa da venda de café", comentou.
Mesmo assim, com condições um pouco melhores nas lavouras, a expectativa é que também avance o volume entregue à coopertiva, embora não haja sinalização de um novo recorde de produção.
"Esperamos para 2023 que seja uma safra maior que as últimas duas", acrescentou Melo.
Segundo ele, as produtividades do café que será colhido nesta temporada ainda sentem os impactos de problemas climáticos como seca e geadas ocorridos em 2021, e temperaturas adversas em 2022.
"O clima começou a ficar bom em setembro do ano passado e está bom até agora, o que deve influenciar a safra do ano que vem... Esperava-se muito mais de 2023 inicialmente, mas ainda será considerada baixa principalmente pela questão do clima."
Altas temperaturas vieram em momentos "inoportunos" no ano passado, prejudicando em alguma medida as floradas dos cafezais.
No mês passado, Melo já havia antecipado que a safra de 2023 viria melhor, em relação a 2021 e 2022, mas ainda distante de uma máxima histórica.
EXPORTAÇÃO
A Cooxupé embarcou 5,6 milhões de sacas de 60 quilos ao mercado internacional em 2022, avanço de quase 20% em relação ao ano anterior.
O presidente disse que o desempenho se deve a um esforço para buscar café de produtores de fora da cooperativa, além do uso de estoques.
Melo não detalhou a expectativa de exportações para 2023, mas ressaltou que, em geral, a cooperativa embarca cerca de 80% do café que é recebido e a demanda externa está aquecida.
Considerando as vendas para o mercado interno e externo, a Cooxupé comercializou 6,8 milhões de sacas de café no ano passado.
Apesar do avanço nas exportações, que é o principal negócio da cooperativa, as "sobras" do resultado financeiro que serão distribuídas aos cooperados serão de 56 milhões de reais, contra 120 milhões no ano passado, com impacto de um aumento de custos.
O presidente alertou, no entanto, que o que pode atrapalhar o andamento dos negócios com compradores interacionais no Brasil como um todo é o nível de colheita.
"O Brasil precisa de uma safra (cheia) para não perder mercado... porque recuperar mercado é muito mais difícil que conquistar", pontuou.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou a safra de café do país em 54,94 milhões de sacas de 60 kg, alta de 7,9% na comparação com 2022, com um aumento das áreas em produção assim como melhores produtividades em importantes regiões cafeeiras.