Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de soja do Brasil somaram 100,016 milhões de toneladas no acumulado de 2023 até meados de dezembro, com os embarques do maior produtor e exportador da oleaginosa entrando na casa da centena de milhões de toneladas em um único ano pela primeira vez na história, segundo dados do governo divulgados nesta segunda-feira.
Conforme números semanais da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil já embarcou no acumulado de dezembro 1,999 milhão de toneladas, enquanto de janeiro a novembro o volume exportado pelo país havia sido de 98,017 milhão de toneladas, segundo registros do governo.
A média diária das exportações de soja do Brasil até terceira semana de dezembro agora registra aumento de 106,6% em relação ao mês completo de 2022, para 181,8 mil toneladas (média em 11 dias úteis).
Caso este volume diário se mantenha constante até o final do mês, a exportação brasileira de soja em 2023 pode marcar um novo recorde anual de mais de 101,6 milhões de toneladas de soja, apagando a melhor marca anual anterior, de 2021, quando o Brasil embarcou de 86,1 milhões de toneladas.
Com uma safra de um tamanho jamais visto em 2023 -- de cerca de 155 milhões de toneladas -- e importadores como a China aproveitando os preços mais baixos no país, conforme o ano se aproximava do final aumentou-se a expectativa no mercado de exportação de mais de 100 milhões de toneladas em 2023.
"Uma marca histórica... Mas vale lembrar também que esse recorde foi feito às custas de um preço muito mais baixo recebido pelo produtor brasileiro", disse a analista Daniele Siqueira, da AgRural.
Segundo ela, uma produção acima do esperado na safra 2022/23, a comercialização antecipada muito lenta e o déficit de armazenagem do país "abriram espaço para que os importadores jogassem os prêmios de exportação para níveis muito baixos no primeiro semestre de 2023", o que se refletiu nos preços pagos aos produtores.
"Com preços bem mais baixos que os do ano passado, os importadores (especialmente os chineses) aproveitaram o momento mais para recompor estoques do que para dar um grande salto no consumo, que vem com menos fôlego", avaliou ela.
A analista também lembrou que a Argentina, diante da severa quebra de sua safra, teve de aumentar fortemente as importações de soja do Brasil, o que favoreceu também os embarques brasileiros para o país vizinho, que é o terceiro produtor global de soja.
Com os volumes já embarcados, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deverá rever os números de exportação do Brasil para cima, já que esperava até o início do mês embarques de 100,02 milhões de toneladas em 2023, versus 78,7 milhões de toneladas em 2022, quando a safra quebrou por uma seca no Sul do país.
MILHO
Já os embarques de milho do país, que também colheu uma safra recorde do cereal em 2023 e contou com a demanda adicional da China, seguiram firmes em dezembro, segundo dados da Secex, elevando o total embarcado até meados do mês para 3,7 milhões de toneladas.
Assim, as exportações do cereal já somam 53,5 milhões de toneladas no acumulado do ano, também novo recorde acima de 50 milhões pela primeira vez.
Se a média diária (por dia útil) de embarques de dezembro se mantiver em 335 mil toneladas, até o final do mês o Brasil deve exportar 56,5 milhões de toneladas de milho em 2023.
Na safra anterior, a exportação do cereal foi de 46,6 milhões de toneladas, a máxima histórica até então.
(Por Roberto Samora)