Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - Geadas previstas para domingo no Paraná, principal Estado produtor de trigo do Brasil, podem resultar em novas perdas para as lavouras do cereal, de acordo com avaliação de especialista do Departamento de Economia Rural (Deral), do governo paranaense.
No domingo, a massa de ar polar continua sobre o Sul do país, e no Paraná há previsão de geada em diversas regiões, entre o centro-sul e sul do Estado, onde fenômeno climático será mais forte, de acordo como Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar).
Parte da área onde o frio será intenso está suscetível a perdas por geadas, segundo o Deral.
Em julho, geadas atingiram as lavouras no início do mês, reduzindo a expectativa de produção em mais de 15%, para 2,7 milhões de toneladas, estimou o Deral anteriormente.
Se mais perdas ocorrerem, é possível que o Brasil, um dos maiores importadores globais de trigo, tenha que ampliar suas importações, estimadas antes das geadas em mais de 7 milhões de toneladas.
"(A geada prevista para domingo) preocupa nas mesmas regiões já atingidas, em partes dos Campos Gerais, Cascavel, Laranjeiras, Pitanga e Francisco Beltrão", disse o especialista em trigo do Deral, Carlos Hugo Godinho, em entrevista à Reuters neste sábado.
Uma grande faixa do Estado, incluindo Cascavel, terá geada moderada, segundo o Simepar.
"Onde a geada está como moderada, é onde ela coincide com as fases mais suscetíveis (a perdas), acrescentou Godinho.
Segundo o Deral, 35% das lavouras estão em estágio de frutificação e 28% em floração. O restante está em fases de desenvolvimento vegetativo ou maturação, nas quais as geadas não costumam gerar perdas.
O norte do Estado, onde está parte do trigo do Paraná, não deve ter geadas, segundo o Simepar.
No início do mês passado, o Estado que colhe mais da metade do trigo produzido no Brasil sofreu perdas de 500 mil toneladas em função do frio intenso.
No levantamento divulgado em julho, que não contabilizou perdas por geadas, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) havia estimado a produção brasileira do cereal em 5,5 milhões de toneladas. A Conab atualiza os números na próxima semana.
OUTRAS ÁREAS
O frio também será intenso no Rio Grande do Sul, outro grande produtor nacional de trigo. Mas no território gaúcho as lavouras são plantadas mais tarde, e as plantações em geral estão em fases menos suscetíveis a perdas.
Outras culturas, como a cana, também sofreram perdas pelas geadas de julho, apontou a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), recentemente.
O frio intenso também ameaçou áreas de café, mas os problemas não foram relevantes, segundo relatos de especialistas.
Neste final de semana, não há informações sobre temperaturas congelantes das principais áreas de café do Sudeste, maior região produtora do país, segundo dados da Refinitiv.